LEONARDO CAVALCANTI
O ex-presidente Lula já montou toda uma estratégia para transformar sua prisão em um grande fato político e se tornar protagonista do ato da prisão.
O petista deve manter uma equipe de fotógrafos e videastas particulares no apartamento em São Bernardo (SP) para que toda a ação da Polícia Federal seja registrada, de forma a espalhar as imagens para o mundo e ter o controle de parte do roteiro da prisão. Ele acredita que, dessa forma, se tornará, efetivamente, uma grande vítima de um sistema que está punindo um inocente.
Lula avisou aos mais próximos que ficará o tempo que for necessário na prisão e que não quer saber de tornozeleira. Na cadeia, registrará todos os detalhes do seu dia a dia, repassando as informações a assessores com o intuito de provocar comoção, sobretudo entre seus seguidores, mantendo-se, assim, presente no noticiário.
Ele definiu, ainda, que vai registrar oficialmente a candidatura ao Palácio do Planalto. E terá como vice Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo. O petista insistirá que só não conseguirá concorrer porque estará sendo vítima de um golpe. Ele vai se amparar no fato de que a sentença ainda não transitou em julgado e, assim, tem os direitos políticos mantidos.
Tão logo o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) negue o registro da candidatura, Lula lançará Haddad como cabeça de chapa. Nessa altura, acredita o ex-presidente, Haddad terá ganhado musculatura eleitoral e terá votos suficientes para ir ao segundo turno com chances de sair vencedor das urnas.
A estratégia de Lula tem por objetivo manter o PT vivo e no jogo. Sua prisão, portanto, terá a função de garantir ao partido força suficiente para retomar o controle do Palácio do Planalto. Lula sabe que, se bem trabalhada do ponto de vista de marketing, a prisão será um trunfo num jogo que muitos dão como perdido.
Lula já consultou seus aliados mais próximos. Muitos veem a estratégia com ressalvas, mas estão dispostos a dar o suporte necessário para que o ex-presidente consiga atingir seus objetivos: colocar a PF em uma saia justa e tirar proveito político da prisão.
Brasília, 17h15min