“É inacreditável o que estamos vendo no Brasil. Economicamente, o país está se saindo muito melhor do que o imaginado inicialmente. Quando Lula tomou posse, a percepção era de que a economia brasileira sofreria muito até se recolocar novamente de pé. As surpresas positivas vieram na economia, mas, infelizmente, acompanhada da decepção com o comportamento de Lula, que tem cometido uma série de gafes, que só atrapalham o governo”, diz um economista de um banco português.
A avaliação geral de sete analistas políticos e econômicos ouvidos pelo Blog ao longo da última semana é a de que Lula perdeu a mão nas falas e está cercado por pessoas que não têm a visão ampla de que o Brasil precisa. O Palácio do Planalto, em vez de ser um centro de pensamento e de ações estratégicas na política, mais parece um puxadinho de compadres pouco preparados para exercerem os cargos que ocupam.
Segundo esses especialistas, a popularidade de Lula não está caindo apenas no Brasil. Também desaba no exterior. “Todos os dias nos perguntamos qual vai ser a barbaridade que Lula vai dizer”, afirma um estrategista de um banco espanhol. “Aquele Lula que se tornou referência para o mundo, que as pessoas paravam para ouvir, já não cativa tanto, justamente porque vem se mostrando fora da realidade e repetindo os erros de Bolsonaro”, complementa.
Para esses profissionais, é triste ver um presidente, que teve um papel tão importante ao vencer o candidato da extrema-direita, se enrolando na gestão por agir como se estivesse num governo de 14 anos atrás. “O mundo mudou, a forma de se comunicar com os eleitores é outra e a ultradireita nunca esteve tão forte em todo o mundo. Portanto, a cada erro que Lula comete, está permitindo que os radicais da direita deem mais um passo à frente”, destaca o economista português.
Nesta quinta-feira (14/03), era para todos estarem comemorando o crescimento de 2,5% das vendas do varejo em janeiro, quando todas as projeções apontavam para alta de apenas 0,5%. “É uma ótima notícia, que endossa as projeções de crescimento de pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas que se perde em meio às incertezas sobre o que Lula pode dizer ou fazer. É uma pena ver o Brasil desperdiçando tantas boas oportunidades”, ressalta o estrategista espanhol.