O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desdenhou da visita que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, faria ao Brasil. Estava tudo certo para que ela passasse dois dias em Brasília, precisamente em 12 e 13 de abril, mas o líder brasileiro preferiu remarcar a viagem para China para a mesma data.
A Comissão Europeia já havia acertado tudo com o Itamaraty, mas foi atropelada, o que foi considerado uma grande descortesia do governo do Brasil. A visão de assessores de Ursula é a de que Lula poderia ter remarcado a visita à China para depois da passagem da líder europeia pela capital brasileira. Mas ele preferiu ignorar a presidente da Comissão Europeia.
Essa descortesia já havia provocado um enorme mal-estar na Comissão Europeia, clima que azedou de vez após as declarações do presidente do Brasil de que a Ucrânia também tem culpa pela guerra com a Rússia e de que a União Europeia e os Estados Unidos têm atuado para prolongar o conflito em vez de trabalharem pela paz.
As palavras de Lula foram rebatidas com veemência nesta segunda-feira (17/04) por Peter Stano, porta-voz principal para Assuntos Externos da UE. Ele afirmou que a Rússia é a única responsável pela guerra no Leste Europeu. “O fato número um é que a Rússia, e somente a Rússia, é responsável (pelo conflito). Ela gerou provocações e agressões ilegítimas contra a Ucrânia. Não há questionamentos sobre quem é o agressor e quem é a vítima”, enfatizou.
Para Stano, os Estados Unidos e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional. “Não é verdade que os EUA e UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidades à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados. Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa”, frisou, assinalando que o Brasil é um dos 143 países que condenaram a invasão ao território ucraniano na Organização das Nações Unidas (ONU).