LEVY, O SONHADOR

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Apesar de ser maltratado pelo Palácio do Planalto e pelo partido da presidente da República, o PT, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicou, nos últimos três dias, que ainda acredita na sua permanência no governo e no apoio da chefe para evitar o colapso da economia. Tanto na Turquia quanto na Espanha, ele tentou pregar um discurso otimista de que o Brasil tem salvação. Levy destacou que, em breve, o país dará os primeiros sinais de recuperação. A investidores e empresários, reafirmou que o governo não abandonou a meta de superavit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Muitos dos que ouviram o ministro reconheceram o esforço que ele fez para passar verdade no discurso. Mas a sensação final foi a de que Levy mais parece um sonhador que assumiu uma missão impossível — sobretudo por encampar uma proposta totalmente impopular, a de se criar um imposto transitório para cobrir o rombo nas contas públicas. Na avaliação de empresários e investidores que ouviram Levy, ainda que o governo consiga aprovar um tributo transitório, o ministro deve se preparar para carregar um pesado fardo sobre os ombros: o do rebaixamento do Brasil. Mesmo não tendo feito nada para levar o país à bancarrota, é ele quem assumirá o ônus da perda do grau de investimento.

Brasília, 10h10min

Vicente Nunes