ROSANA HESSEL
Muda o governo, mas os métodos de interferência política nas estatais federais continuam os mesmos. O ex-ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, dono do PSD e que está tendo que se explicar na Justiça, não perdeu influência nos Correios, empresa subordinada à sua antiga pasta.
A reunião de diretoria da companhia nesta quinta-feira (10/01) aprovou a redução de oito para seis vice-presidentes. Mas quatro nomes da nova diretoria, incluindo o da presidência da empresa, são indicações do PSD, o que está deixando funcionários de carreira da empresa bastante indignados, a exemplo do que vem ocorrendo no Banco do Brasil.
O atual presidente, Juarez Aparecido de Paula Cunha, permanece no cargo e foi indicado por Kassab antes mesmo da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro. Cunha era presidente do Conselho de Administração, segundo uma fonte da companhia ouvida pelo Blog, e é bastante próximo do vice-presidente, Hamilton Mourão, cujo filho teve promoção relâmpago no Banco do Brasil.
A principal crítica é de que o discurso da meritocracia não está sendo válido na escolha de dirigentes de empresas públicas, muito menos conhecimento técnico das áreas dos executivos.
Vice-presidências
Na vice-presidência de Estratégia, o nome escolhido foi Sérgio Neves Moraes, e, na vice-presidência de Operação, foi aprovado Carlos Roberto Fortner, ex-presidente dos Correios. Ambos são indicação de Kassab.
O vice-presidente das Centrais de Serviços, Jovino Francisco Filho, também é indicação do PSD. Esses três executivos foram mantidos na companhia, pois estavam na empresa quando Kassab era ministro.
Outros dois vice-presidentes, Heronildes Eufrásio Filho (Compliance) e Alex do Nascimento (Comercial), são funcionários dos Correios e foram indicações do general Cunha. A vice-presidência de Gestão de Pessoas, ainda não foi definida, mas o PSD está na disputa pela vaga.
Os nomes foram confirmados nos corredores da empresa, contudo, o martelo das indicações será batido na semana que vem, quando deve ser realizada a reunião do Conselho de Administração dos Correios.
Brasília, 18h14min