Abalado com o afastamento de Romero Jucá do Ministério do Planejamento, o presidente interino, Michel Temer, reuniu seus principais assessores e pediu que todos olhassem para frente. “Jucá no governo é passado”, disse, durante a conversa. O importante, agora, segundo o peemedebista, é criar fatos positivos para que empresários e investidores tenham a percepção de que o governo não está paralisado. “Vamos virar o jogo com o anúncio do pacotes de medidas que será anunciado nesta terça-feira para conter o rombo fiscal”, frisou, segundo um dos assessores.
O governo recebeu sinais dos investidores de que, em meio à crise provocada por Jucá, seria um erro não anunciar amanhã as medidas prometidas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Um adiamento só reforçaria a fragilidade de Temer, que perdeu um de seus principais colaboradores. O presidente interino indicou que Jucá não voltará para o Planejamento. A disposição é encontrar um nome forte para a pasta, que ficará, temporariamente, sob o comando do secretário executivo, Dyogo de Oliveira.
O pacote preparado por Meirelles inclui um limite para o aumento de gastos, que deve ser inferior à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano interior, a ampliação do limite de desvinculação de receitas, uma espécie de superDRU, e cortes de gastos, sobretudo com pessoal. A meta é criar a percepção entre os agentes econômicos de que a dívida bruta, em algum momento, vai parar de crescer. “Vamos controlar as despesas para que, num horizonte médio de tempo, o governo volte a gerar superavits primários”, diz um integrante da equipe econômica.
O governo sentiu o baque da queda de Jucá. Contudo, Temer continuará prestigiando publicamente o senador, apontado como peça fundamental para fazer andar no Congresso as medidas de interesse do Palácio do Planalto para o ajuste fiscal. Publicamente, Temer elogiou o ex-ministro, ao afirmar que ele terá papel relevante no Legislativo para o governo.
Brasília, 20h30min