Na gravação feita feita por Joesley Batista, dono do grupo JBS, o presidente Michel Temer dá autorização ao empresário para que ele force o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a atender seus pleitos. Temer recomenda a Joesley que diga ao ministro que os dois estão alinhados. “Quero saber com o senhor quanto mais firme eu posso ir para cima do Henrique. Ele precisa entender que estamos em sintonia”, diz o dono da JBS. “Pode fazer”, responde Temer.
Joesley diz que Meirelles é uma boa pessoa, muito trabalhador, mas sempre que ele toca em um assunto, o ministro acaba transferindo a responsabilidade para o presidente da República. “Já falei com ele sobre alguns assuntos”, ressalta o dono do JBS. Em um dos momentos da conversa, Joesley conta que reclamou com Meirelles sobre o Banco Central.
O empresário também se queixou com Meirelles sobre a indicação de Maria Sílvia Bastos Marques para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro respondeu que o banco estava vinculado ao Ministério do Planejamento, e que aquele era terreno do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Temer destacou que o BNDES tinha R$ 150 bilhões para emprestar, e já havia falado sobre isso com Meirelles.
Joesley diz a Temer que reclamou ainda com Meirelles da Receita Federal. Disse ao ministro que era preciso mexer no órgão, que o atual secretário, Jorge Rachid, já estava no cargo havia muito tempo. Que era preciso mexer. O empresário também pediu mudanças no Conselho de Administração de Defesa da Concorrência (Cade) e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O dono da JBS diz que trabalhou quatro anos com Meirelles (o ministro foi presidente do Conselho de Administração da J&F, holding do grupo). “Sei que se for mais firme sobre ele (Meirelles), ele responde”, diz o empresário a Temer. O empresário afirma que o ministro é muito trabalhador e que o presidente poderia requisitá-lo para o que fosse. A única coisa que Meirelles recusaria era um convite para praia.
Brasília, 19h01min