JBS estaria negociando venda do Banco Original para chineses

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São fortes os rumores no mercado de que o grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, estaria negociando a venda do Banco Original para uma instituição financeira chinesa. As conversas estariam bem adiantadas. Por lei, assim que o negócio for fechado terá que ser comunicado ao Banco Central, que terá que dar ou não o seu aval.

O Original surgiu em 2011, no governo de Dilma Rousseff, com a compra, pelo JBS, do Banco Mattone, com sede no Sul do país, que passava por dificuldades. De olho em um banco, a holding do grupo dos Batista, a J&F, recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em busca de um empréstimo para fechar o negócio.

Depois de uma longa negociação, o FGC, responsável pela administração de recursos que funcionam como seguro aos poupadores em caso de quebra de uma instituição financeira, liberou, à época, R$ 1,9 bilhão à J&F. O empréstimo, por 15 anos, é corrigido pela taxa básica de juros (Selic). Hoje, a dívida passa de R$ 3 bilhões.

De início, o Original optou por concentrar os negócios em financiamentos ao setor pecuário. Isso não causou boa impressão no mercado. Seis meses depois da liberação de recursos pelo FGC, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi para a J&F para tocar o projeto de reformulação do Original, que acabou se tornando um banco totalmente digital.

O Original, porém, nunca chegou a ser um bom negócio. E, desde o início deste ano, começou a entrar num terreno perigoso, o do prejuízo. Somente nos primeiros três meses de 2017, o banco da família Batista registrou perdas de R$ 144,6 milhões contra lucro de R$ 18,1 milhões em igual período de 2016, segundo dados repassados ao Banco Central. Os ativos totais diminuíram, no primeiro trimestre, em R$ 549 milhões, para R$ 8,174 bilhões.

Outro dado relevante: o índice da Basileia, que mede o capital de segurança do banco para enfrentar crises, caiu, em apenas três meses, de 22,8% para 14,1%, aproximando do limite prudencial definido pelo Banco Central, de 11%.

Em 2016, o Original havia  lucrado R$ 24 milhões. Ao fim daquele ano, os ativos totais da instituição somavam R$ 8,723 bilhões. Já o patrimônio líquido totalizava R$ 2,225 bilhões (em março deste ano, havia caído para R$ 2,079 bilhões), bem menor, portanto, que a dívida de sua controladora, a J&F, com o Fundo Garantidor de Crédito.

Procurado, o Banco Original não deu informações sobre a possível venda de seu controle para os chineses.

OBS: Às 13h55, a assessoria de imprensa do Banco Original disse que a instituição desconhece qualquer negociação para a sua venda. A holding do banco, a J&F, negou a venda do Original.

Brasília, 12h59min

Vicente Nunes