JBS atuou pesado na imprensa para destruir frigorífico Minerva

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Vejam as voltas que a vida dá. No seu processo vertiginoso de crescimento, baseado na corrupção e no uso de dinheiro público a juros subsidiados, o grupo JBS jogou pesado nos bastidores para destruir o concorrente Minerva. Nesta semana, para tentar sobreviver, o império (em derrocada) montado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista foi obrigado a vender nove frigoríficos para o Minerva por US$ 300 milhões, cerca R$ 975 milhões.

Durante muito tempo, assessores dos irmãos Batista trataram de plantar notícias falsas na imprensa para desqualificar o Minerva. As artimanhas do JBS para destruir o frigorífico concorrente foram tão pesadas que conseguiram brecar um pedido de financiamento que o Minerva havia pedido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Enquanto minava a concorrência, o JBS enchia os cofres com dinheiro dos trabalhadores, já que a maior parte dos recursos usados pelo BNDES vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador ((FAT).

Os irmãos Batista tinham muito trânsito na imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo. Conseguiam plantar muitas informações deturpadas contra quem se posicionasse no caminho deles. O próprio Joesley, na fatídica conversa com Michel Temer na calada da noite, no Palácio do Jaburu, disse que tinha a imprensa sob controle.

Contando um monte de mentiras, ele conseguiu estancar o noticiário que revelava as ligações dele com o ex-deputado Eduardo Cunha e o lobista Lúcio Funaro, que estão presos. Todas as denúncias eram verdadeiras, mas os jornais do Rio e de São Paulo preferiram acreditar na versão de Joesley de que tudo era invenção, que ele não conhecia Cunha nem Funaro, esse último havia voado várias vezes no avião do empresário.

Agora, o JBS está dependendo dos concorrentes que tentou destruir com inverdades para sobreviver. Não se sabe se vai conseguir. Os irmãos Batista também perderam o trânsito que tinham com muitos jornalistas do Rio e de São Paulo, que, se ressalte, endeusavam os empresários. Achavam o máximo ter acesso a eles, ao almoçarem ou jantarem com tudo pago pelo JBS. Agora, esses mesmos jornalistas estão se sentindo traídos.

Brasília, 18h29min

Vicente Nunes