RENATO SOUZA
Uma das maiores empresas de comunicação digital do país, a Isobar, controlada pelo grupo japonês DAN, decidiu abrir mão de contratos milionários com o governo e empresas estatais temendo se envolver com corrupção. A Isobar tem contratos com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), que está no meio de denúncia de favorecimento do secretário Fábio Wajngarten, e com o Banco do Brasil.
A determinação dos japoneses é encerrar as atividades em Brasília até março deste ano. E a demissão de funcionários já está a caminho. Os japoneses ficaram assustados com o submundo do governo e com as negociatas propostas por gente do alto escalão. “Hoje, pela manhã, informaram que a empresa não vai manter nem renovar os contratos que tem com o governo. Não deram muitos detalhes”, revelou um colaborador. Nos bastidores, a pressa com que os desligamentos foram comunicados soam como a prevenção de uma crise.
O contrato da Isobar com a Secom era, inicialmente, de R$ 44 milhões. Mas, com um desconto de 25%, ficou em R$ 33 milhões e acaba em março. A decisão da empresa deixa o Planalto em uma situação complicada para repor o serviço, que precisa passar por uma nova licitação para o setor de comunicação. Por meio de sua subsidiária, a MKTG, o grupo venceu, recentemente, uma licitação do Banco do Brasil para cuidar de ações promocionais da instituição. A relação entre a Isobar e o BB é antiga.
Compliance
O grupo japonês DAN atua em quase todo o mundo. E, segundo pessoas que já trabalharam na empresa, a decisão de se afastar de contratos ligados a governos e a estatais tem a ver com compliance. Ou seja, não quer se arriscar com qualquer tipo de negócio que possa levantar suspeitas.
A Isobar nasceu como Midialog, em 1992, pelas mãos do baiano Pedro Cabral, que tinha como sócios investidores Rodrigo Sá Menezes e Haroldo Cardoso, donos da Propeg, uma das maiores agências de publicidade do país. Com a entrada de novos sócios, a Midialog passou a se chamar MidiaClick. Em 2007, já como Agência Click, foi comprada pela Isobar, absorvida, anos depois japoneses.
Outro lado
Nesta sexta-feira (17/10), a Isobar encaminhou ao Blog a seguinte nota:
Estão sendo encerradas as operações cujos contratos estão chegando ao fim. Não faz parte dos planos da Isobar se afastar do governo. O contrato com a Secom envolve 35 pessoas, que seguem trabalhando até o final de contrato, em março. A decisão está relacionada ao término com o atual contrato com a Secom, assim como aconteceu com o contrato do Banco do Brasil, que já havia sido encerrado. Nesse momento, estamos encerrando uma operação cujos contratos estão em término. E estamos abertos a avaliar a entrada de novas licitações futuramente.”
Brasília, 16h20min, atualizada às 16h19min de sexta-feira, 17 de janeiro