ROSANA HESSEL
Diante da piora no cenário fiscal, da inflação mais resistente e do aumento de incertezas em torno da capacidade de retomada no país, o Itaú Unibanco, piorou as projeções de crescimento da economia brasileira. A instituição financeira, que vinha elevando para cima as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desde a surpresa com o crescimento de 1,2% no primeiro trimestre, revisou as previsões de expansão do PIB para baixo.
A equipe de técnicos liderada pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, reduziu de 5,8% para 5,7% a previsão de de crescimento do PIB deste ano de 5,8%, “em função de restrições de oferta” e piora no cenário fiscal. Para 2022, o banco espera desaceleração maior do que antes, porque os fatores que devem impulsionar o PIB deste ano em relação ao tombo de 4,1% de 2020. Com isso, revisou de 2% para 1,5% a previsão de crescimento do PIB do ano que vem.
“A vacinação tem avançado e deve permitir uma volta à normalidade econômica ainda neste ano. O principal risco a considerar é o surgimento de variantes do vírus que afetem a eficácia das vacinas aqui aplicadas”, alertou o banco em relatório divulgado nesta quinta-feira (12/08).
Os economistas do Itaú mantiveram as projeções para a inflação de 2021 e de 2022, em 6,9% e 3,9%, respectivamente. “A inflação corrente alta indica repasse para preços mais inerciais na economia, notadamente do setor de serviços”, destacou a instituição que prevê a taxa básica de juros (Selic) encerrando o ano em 7,5%.
Em relação ao mercado de trabalho, apesar de manterem em 13% a previsão da taxa de desemprego no fim de 2021, os economistas do Itaú elevaram de 11,9% para 12% a estimativa da taxa de desocupação em 2022.
O banco reduziu a previsão para a dívida pública bruta deste ano, de 88,8% do PIB para 80,9% do PIB. Contudo, em 2022, prevê crescimento desse endividamento para 81,1% do PIB fez um alerta para a piora nas contas públicas em meio às bombas fiscais que estão sendo sinalizados pelo governo e pelo Congresso. “Apesar da melhora quantitativa na estimativa para o resultado primário, acreditamos que os riscos em torno da manutenção da disciplina fiscal estejam aumentando, seja pela renúncia de receitas prevista na proposta de mudança na tributação de renda e lucro, seja pelas maiores dificuldades de conciliar o cumprimento do teto de gastos com a aceleração da inflação, aumento inesperado do gasto com precatórios e pressões para aumento do Bolsa Família”, afirmou.
O banco ainda manteve a projeção de R$ 4,75 para o dólar no fim de 2021 e de R$ 5,10, no fim de 2022. “Reconhecemos, no entanto, que os riscos para esse cenário de apreciação cambial aumentaram em linha com o aumento das preocupações fiscais”, adicionou.
Essa piora nas principais projeções do Itaú para a economia brasileira, confirma uma tendência que foi sinalizada pelo Blog ontem, pois analistas já admitem que o PIB de 2022 deverá apresentar um crescimento pífio com a piora do cenário fiscal e político.