Itaú Unibanco piora projeções macroeconômicas para o Brasil

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Itaú Unibanco acaba de revisar o cenário da economia brasileira e piorou a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, a queda prevista passou de 2,5% para 4,5%.  A instituição projeta recuo de 2,1%, no PIB do primeiro trimestre deste ano, e contração de 10,6%, no segundo trimestre.

 

Contudo, o banco ainda está otimista com 2021, e prevê crescimento de 3,5%, taxa acima da expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê avanço de 2,9% (metade da expectativa de expansão global, de 5,8%).  O Fundo é mais pessimista que o banco, pois prevê retração de 5,3% no PIB brasileiro neste ano.  

 

A equipe de economistas do Itaú Unibanco também revisou a estimativa de deficit primário neste ano, de 8% para 10,2% do PIB, devido ao impacto das medidas emergenciais no combate à crise da covid-19 nas contas públicas, elevando a dívida pública e os riscos fiscais. Diante da piora no quadro fiscal e no aumento das incertezas devido à forte queda na a, o banco projeta o dólar valorizado, encerrando o ano em R$ 5,75. 

 

A piora em 2020 decorre principalmente da perspectiva de aumento de gastos para o combate aos impactos do coronavírus, além da atividade econômica mais fraca. As medidas devem alcançar 7,2% do PIB (R$ 525 bilhões), ante 5,6% do PIB (R$ 415 bilhões) no nosso cenário anterior”, destacou o documento divulgado nesta segunda-feira (11/05).  A previsão dos analistas do Itaú Unibanco é que o governo precisará compensar o aumento de gastos com aumento de tributos, e, nesse sentido, o governo deverá “focar na tributação de lucros de setores específicos e de alta renda”.

 

Ao reduzir a projeção de inflação deste ano de 2,7% para 2%, a equipe liderada pelo economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, acredita que o ambiente requer cautela do Banco Central devido à ampliação do hiato do produto. A projeção para a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 3% ao ano, é de 2,25% até dezembro.

 

Os economistas do Itaú acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, realizará um corte final de 0,75 ponto percentual na próxima reunião de junho. “Em nossa opinião, seria necessário uma piora ainda mais intensa da situação fiscal e um nível ainda mais depreciado da taxa de câmbio para impedir que o Copom repita em junho a última decisão”, destacou o documento.

 

Apesar de estarem mais otimistas do que o FMI, as novas projeções do Itaú Unibanco estão mais pessimistas do que a mediana das estimativas do mercado, divulgadas nesta segunda-feira pelo Banco Central no boletim semanal Focus. A previsão do PIB deste ano sofreu a 13ª revisão consecutiva e expectativa de queda passou de 3,8% para 4,1%.