ROSANA HESSEL
Após o forte repique da inflação oficial em dezembro, o Itaú Unibanco revisou as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021, elevando de 3,3% para 3,6%, taxa próxima da meta de 3,75% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com o banco, a atualização incorporou o preço mais alta das commodities agrícolas.
Em 2020, o indicador nacional da carestia acumulou alta de 4,52%, a maior desde 2016 e acima das previsões do mercado. Os preços do arroz e o do óleo de soja, devido à maior demanda externa e à valorização do dólar dispararam no mercado interno, acumulando altas de 76,01% e de 103,79%, respectivamente. A previsão de 3,3% para o avanço do IPCA, em 2022, foi mantida.
As projeções fazem parte do relatório de revisão de cenário divulgado pela instituição financeira, nesta sexta-feira (15/01), onde a equipe liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita alerta para um risco maior da segunda onda de contágio de covid-19 no país. “A segunda onda de coronavírus está levando a aumentos do número de óbitos e hospitalizações, reforçando a importância de se vacinar a população o quanto antes. A vacinação ajudará a economia tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda”, informou o documento.
Os economistas do banco mantiveram as estimativas de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, de 4%. As expectativas de expansão de 4% e de 2,5% para 2021 2022, respectivamente, também não foram alteradas. A previsão para a taxa básica de juros (Selic), de 3,5% no fim de 2021 não sofreu mudanças, contudo, o início do ciclo de alta foi antecipado para maio “em razão do ambiente inflacionário”.
“Esperamos também que o Copom (Comitê de Política Monetária) abandone o forward guidance na reunião de janeiro”, acrescentou a nota. A primeira reunião do Copom, do Banco Central, do ano ocorre na semana que vem, entre os dias 19 e 20.
De acordo com a instituição, um dos maiores desafios do governo será a manutenção do teto de gastos, — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. “O teto de gastos, apesar do cenário ainda desafiador, deve ser cumprido nos próximos anos. Esperamos déficits primários de 2,1% do PIB em 2021 e 1,5% do PIB em 2022”, informou.
O Itaú Unibanco ainda elevou a projeção de superavit da balança comercial deste ano e do ano que vem, devido ao preço elevado das commodities, passando de US$ 70 bilhões para US$ 77 bilhões, em 2021, e de US$ 65 bilhões para US$ 70 bilhões. Apesar de prever que o dólar continue valorizada no curto prazo, o banco ainda projeta taxa de câmbio de R$ 4,75 neste ano e no próximo.
Melhora no PIB global
Em outro relatório divulgado hoje, o Itaú Unibanco avaliou que os programas de vacinação no mundo estão ganhando velocidade, permitindo a recuperação melhor das principais economias. Nos Estados Unidos, segundo a instituição, “a combinação do democrata Joe Biden na presidência com maioria do partido Democrata nas duas Casas do Congresso significará um novo estímulo fiscal para impulsionar o crescimento”.
Por conta disso, o banco elevou de 4% para 5,5% a previsão de crescimento do PIB norte-americano, em 2021. Também revisou de 6,2% para 6,6% a estimativa de expansão do PIB global, neste ano, com a China crescendo 8,5%. Já as projeções para o PIB da América Latina passaram de 4,4% para 4,6%.