Itaú Unibanco eleva de 3% para 3,5% previsão para a Selic em 2021

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ROSANA HESSEL

Ao apresentar a revisão de cenário para o Brasil, elevando as projeções de inflação de 2020 e de 2021, o Itaú Unibanco passou a prever taxa básica de juros (Selic) de 3,5% anuais no fim do próximo ano, em vez de 3%. A taxa anteriormente prevista era equivalente à mediana das estimativas do mercado computada no boletim Fucus, do Banco Central.

O banco estima alta de 4,4% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial, de 2020. O dado está acima da meta de 4% determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, mas abaixo do teto para o custo de vida, de 5,5%. Para 2021, a previsão do Itaú Unibanco para o IPCA passou de 3,1% para 3,3%, mesmo patamar previsto para 2022, “devido à maior inércia inflacionária”. A previsão para a alta do IGP-M, indicador usado para o reajuste do aluguel, é de 24,5%, neste ano, passando para 4% nos dois anos seguintes.

“Para 2021, destacamos que o momento e o ritmo de elevação da taxa de juros dependerão da evolução da inflação no primeiro trimestre do ano que vem. O risco de alta da Selic no primeiro semestre permanece, com o Banco Central vigilante quanto às novas surpresas de inflação”, destacou o documento  da equipe liderada da instituição financeira pelo economista-chefe Mario Mesquita divulgado nesta segunda-feira (14/11). As medianas do Focus para o IPCA de 2020 e de 2021 estão em 4,35% e 3,34%, respectivamente.

“A projeção mais alta da inflação incorpora o aumento na conta de luz em dezembro e com a previsão de pressões nos preços de passagem aérea e educação. “Além disso, a inflação de alimentos deve terminar o ano em alta, ainda que desacelerando um ouco na margem”, apostou o banco.

O Itaú Unibanco reduziu de R$ 5 para 4,75% a projeção para a taxa de câmbio em 2021, devido ao cenário global mais benigno para os ativos de risco de países emergentes e a uma aposta de redução da incerteza fiscal. Para 2022, o banco também projeta a mesma taxa de R$ 4,75 para o dólar.

A instituição ainda prevê um cenário preocupante para o mercado de trabalho, devido ao aumento no número de pessoas procurando emprego. O banco estima taxa de desemprego chegando ao nível recorde de 15,3%, em dezembro de 2020, e continuando nesse mesmo patamar ao longo de 2021. Um recuo para 14,2% está previsto apenas no fim de 2022.  “O emprego já começou a crescer, após as quedas intensas observadas no segundo trimestre de 2020, e esperamos que continue se recuperando à frente, em linha com o cenário de alta da atividade econômica. No entanto, a taxa de participação também deve se recuperar, impedindo que a taxa de desemprego recue já em 2021”, explicou.

Rombo fiscal menor

A instituição financeira reduziu as perspectivas de rombo fiscal deste ano e do próximo, apesar de reconhecer os riscos de uma segunda onda de contágio da pandemia da covid-19. As estimativas de deficit primário das contas do governo em 2020 passaram de 11,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 850 bilhões, para 10,6% do PIB, ou R$ 800 bilhões.

Para 2021, a previsão de rombo das contas públicas passou de 2,5% do PIB, ou R$ 200 bilhões, para 2,1% do PIB, ou R$ 180 bilhões. Para 2022, a instituição prevê deficit primário de 1,5% do PIB, ou R$ 140 bilhões.  “A revisão de 2020 decorre de um menor impacto fiscal com o chamado orçamento de guerra, principalmente, com o pagamento acima do esperado do diferimento de impostos pelas empresas e de um melhor resultado com estados, municípios e empresas estatais”, justificou o relatório.

Na avaliação do Itaú Unibanco, o teto de gastos — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior — será cumprido em 2021 e em 2022, “apesar do .cenário desafiador”. “No ano que vem, a
incerteza quanto ao seu cumprimento deve permanecer até março, quando esperamos que o Orçamento do ano
seja aprovado, prevendo a manutenção em termos nominais do gasto discricionário frente a 2020”.

A instituição manteve as projeções de queda do PIB de 4,1% para 2020 e de crescimento de 4% em 2021, “com viés de alta”. Para 2022, projeta expansão de 2,5% na economia.

A mediana das estimativas do mercado para a queda do PIB deste ano reve pouca variação nesta semana em relação à semana passada, passando de 4,40% para 4,41%, segundo o boletim Focus, do BC. Já a mediana da previsão de crescimento em 2021 foi mantida em 3,5%.

Vicente Nunes