Itaú também melhora projeção do PIB deste ano, mas alerta para piora no fiscal

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ROSANA HESSEL

O Itaú Unibanco engrossa o coro de instituições financeiras que estão melhorando as perspectivas macroeconômica de curto prazo, na contramão do discurso do governo de que o país está caminhando para uma recessão por conta dos juros no patamar atual. O maior banco privado do país elevou de 1,1% para 1,4% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas manteve em 1% a projeção de expansão da economia em 2024.

“Quanto à atividade econômica, elevamos a projeção de crescimento do PIB de 2023 para 1,4% (ante 1,1%), diante dos bons resultados de curto prazo e da diminuição do risco de uma deterioração mais forte do mercado de crédito. Para 2024, mantivemos nossa expectativa de expansão de 1%. No mercado de trabalho, nossa projeção para a taxa de desemprego ficou estável em 9%, para 2023, e em 9,1%, para 2024”, destacou o relatório do banco divulgado nesta sexta-feira (5/5).

A instituição reforçou os alertas sobre os desafios para o arcabouço fiscal gerar ganhos de credibilidade, tanto que manteve em 1,2% do PIB a projeção de rombo das contas públicas em 2023 e piorou as projeções para o deficit primário nas contas públicas no ano que vem, de 0,7% para 1% do PIB.

“O arcabouço fiscal e as medidas complementares de recomposição das receitas reduzem riscos extremos, mas ainda trazem desafios significativos à frente, relacionados à implementação da trajetória almejada, que depende de elevação relevante de receitas, e consequentes ganhos de credibilidade e consolidação da regra”, destacou o comunicado do banco, cujos analistas revisaram de 79% para 79,3% do PIB a previsão para a dívida pública bruta de 2024, acima dos 76% do PIB previstos para este ano.

Os analistas do Itaú revisaram de 6,1% para 6% a projeção de inflação em 202, incorporando preços de produtos comercializáveis mais baixos em razão do real mais valorizado frente ao dólar. Para 2024, manteve a projeção de alta de 4,5% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no limite superior da meta do próximo ano, mesmo incorporando alguma desancoragem nas expectativas de inflação. “O anúncio de manutenção da meta no patamar atual poderia levar a uma redução na nossa projeção, assim como uma elevação da meta levaria a aumento adicional”, acrescentou o relatório do Banco que manteve em 12,50% a projeção para a taxa básica da economia (Selic) no fim deste ano.

A equipe do Itaú, liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita, revisou de R$ 5,30 para R$ 5,15 a projeção para a taxa de câmbio deste ano. E, para 2024, reduziu de R$ 5,40 para R$ 5,25. “A revisão se dá por uma estabilização no ambiente externo e alguma melhora recente no prêmio de risco local”, informou o relatório.

Vicente Nunes