POR MARLLA SABINO
Os servidores do Itamaraty no Brasil e no exterior decidiram cruzar os braços a partir de segunda-feira por tempo indeterminado. Eles reivindicam equiparação salarial às demais carreiras típicas de Estado. As negociações para os reajustes começaram em março último, mas todas as propostas apresentadas pelo Ministério do Planejamento foram recusadas.
Foi colocado sobre a mesa aumento de 27,9%, dividido em três parcelas (12,8% em janeiro de 2017; 6,65% em janeiro de 2018; e 6,31% em janeiro de 2019), mas o governo se negou a acatar o pedido de reestruturação da carreira, que tornaria menos desigual as remunerações pagas a diplomatas e a oficiais e assistentes de chancelaria.
Defasagem
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), Suellen Paz, a correção proposta não corrige a defasagem salarial acumulada desde 2008. “Hoje, os servidores do Itamaraty recebem os menores salários da Esplanada. Se aceitarmos a proposta, isso não mudará”, disse. Para ela, os reajustes não podem ser lineares, pois mantêm as distorções que tantos problema causam hoje.
Suellen destacou que estudo realizado pelo sindicato mostra que, entre os assistentes de chancelaria, a defasagem salarial média em relação a outras carreiras chega a 28,48%. No caso dos oficiais de chancelaria, a diferença atinge 31,88% e, dos diplomatas, 7,11%. Por isso, a necessidade de reestruturação para reduzir as desigualdades. “O clima é de muita indignação, os servidores se sentem desprestigiados. Se não houver uma solução agora, no futuro, ficará mais difícil conseguimos a equiparação”, ressaltou.
Serviços
O Sinditamaraty informou que, durante a greve, serão mantidos 30% dos serviços considerados essenciais. Além das questões administrativas, serão afetadas atividades como legalização de documentos, assistência consular, emissão de passaportes, vistos, atos notariais e registro civil em postos no exterior. Procurado, o Planejamento ressaltou que mantêm os canais de negociação abertos e que propôs a criação de um grupo de trabalho para estudar a reivindicação de equiparação salarial. Mas é preciso levar em consideração aspectos orçamentário e fiscal do país.
Brasília 16h30min