Ipea baixa linha dura para controlar trabalho de pesquisadores

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baixou circular na quinta-feira (04/03) por meio da qual instituiu controle total sobre a publicação de pesquisas e textos elaborados por técnicos do órgão. Muitos falam em censura prévia.

No documento assinado pelo presidente do Ipea, Carlos Von Doellinger, está definido que todos trabalhos técnicos só poderão ser divulgados depois de passar pelo crivo da diretoria do instituto. O órgão alega que os servidores que não seguirem as recomendações estarão abrindo mão do compromisso ético, cometendo, portanto, “infração disciplinar”.

No entender do Ipea, todos os trabalhos realizados pelos pesquisados são de “propriedade” do órgão, ao qual cabe decidir o que será levando adiante e o que poderá se tornar público e quando. “Trata-se de um controle absurdo”, diz um técnico.

O Ipea sempre foi visto como um centro de excelência no debate. Os trabalhos realizados por seus pesquisadores são referências, sobretudo pela diversidade de pensamento. “O risco de controle excessivo é de se impor o pensamento único”, acrescenta outro pesquisador.

Durante o período militar, os ministros Delfim Netto e João Paulo dos Reis Velloso abrigaram no Ipea economistas de esquerdas perseguidos pela ditadura. Foram os casos de Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo. Delfim, inclusive, concedeu uma bolsa de estudos para Belluzzo na Sorbonne, na França.

Brasília, 23h31min

Vicente Nunes