IPCA sobe 0,93%, em março, e acumula alta de 6,10%, em 12 meses

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ROSANA HESSEL

A inflação oficial continua acelerada, embalada, principalmente, pela alta dos preços dos combustíveis, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (09/04). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março subiu 0,93%, 0,07 ponto percentual acima da variação de fevereiro, de 0,86%. É a maior taxa para o mês de março desde 2015, quando foi registrada inflação de 1,32%, segundo o órgão. Em março de 2020, a variação do indicador foi de 0,07%.

Apesar de superar os dados de fevereiro, o resultado do IPCA de março ficou levemente abaixo o piso da mediana das estimativas do mercado, de 1,03%, com previsões variando de 0,94% a 1,10%. No ano, a inflação oficial acumulou alta de 2,05% e, nos últimos 12 meses encerrados em março, de 6,10%, acima dos 5,20% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Essa taxa acumulada superou o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 5,25%, com o centro da meta de 3,75%.  É a primeira vez que isso ocorre em quatro anos.

Conforme os números do IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em março. O de Transportes registrou a maior variação, de 3,81%, após a alta de 2,28% em fevereiro, e o maior impacto (de 0,77 ponto percentual) no índice do mês. Em segundo lugar ficou Habitação, com alta de 0,81% e impacto de 0,12 ponto percentual.

O grupo Alimentação e bebidas (0,13%)  voltou a registrar desaceleração, contribuindo com 0,03 ponto percentual no índice de março. No lado das quedas, o destaque foi o Educação, que registrou -0,52% após a alta de 2,48% observada no mês anterior. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,07% em Comunicação e a alta de 0,69% em Artigos de residência.

A alta de 3,81% em transportes na variação mensal foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis, de 11,23%. A gasolina, com elevação de 11,26% em março, foi o item que exerceu o maior impacto sobre o índice do mês (0,60 ponto percentual), com variações que foram desde 6,32% em São Luís até 14,45% no Rio de Janeiro. Os preços do etanol (12,59%) e do óleo diesel (9,05%) também subiram, contribuindo conjuntamente com mais 0,11 ponto percentual para o resultado geral de março.

Ainda em Transportes, o reajuste (6,38%) nas tarifas de trem no Rio de Janeiro concorreu para o resultado nacional do subitem (1,84%), bem como o reajuste (8,70%) nas passagens de ônibus urbano em Recife, que também influiu no resultado nacional desse subitem (0,11%).

O segundo maior impacto sobre o IPCA , de 0,12 ponto percentual, foi do grupo Habitação (0,81%), principalmente devido ao aumento no preço do gás de botijão (4,98%), que acumula alta de 20,01% nos últimos 12 meses. Além disso, os custos de energia elétrica, que haviam recuado 0,71% no mês anterior, subiu 0,76% em março, apesar de a bandeira tarifária amarela não ter sofrido alteração devido aos reajustes de energia das concessionárias. No Rio de Janeiro, houve reajustes de 4,66% e 4,50%.

Outro impacto com destaque do grupo Habitação foi o do gás encanado , com alta de 1,09%, refletindo reajustes aplicados em fevereiro em Curitiba e no Rio de Janeiro. A variação positiva da taxa de água e esgoto (0,13%), por sua vez, foi consequência dos reajustes de 5,11% em Curitiba e de 5,36% em Aracaju.

O grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, com variação positiva de 0,13%, seguiu em desaceleração desde dezembro, de acordo com os dados do IBGE. A alimentação no domicílio apresentou queda de 0,17%, influenciada principalmente pelo recuo nos preços do tomate (-14,12%), da batata-inglesa (-8,81%), do arroz (-2,13%) e do leite longa vida (-2,27%).

Por outro lado, as carnes seguem em alta, embora a variação de 0,85% tenha sido inferior à de fevereiro, de 1,72%. Por outro lado, a alimentação fora do domicílio, com elevação de 0,89%, acelerou em relação ao mês anterior, quando subiu 0,27%. Contribuíram para isso especialmente as altas do lanche (1,88%) e da cerveja (1,70%).

O grupo Educação registrou queda de 0,52% em março após subir 2,48% em fevereiro. “Se, por um lado, os cursos diversos tiveram alta de 0,69%, por outro, os preços dos cursos regulares caíram 0,79%, influenciados especialmente pelo resultado do ensino superior (-1,75%)”, informou a nota do IBGE.

Goiânia lidera indicador

Todas as dezesseis localidades pesquisadas pelo IBGE para o IPCA apresentaram variação positiva. O menor índice foi observado na região metropolitana do Recife, de 0,62%, principalmente, por conta das quedas na energia elétrica (-2,23%) e no preço tomate (-21,03%). Já o maior variação da inflação oficial ocorreu em Goiânia, de 1,46%, onde pesaram as altas de 13,65% na gasolina e 18,43% no etanol.  Brasília teve a segunda maior elevação no mês, de 1,44%, acumulando 6,19% de elevação em 12 meses.

O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de um a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

Vicente Nunes