IPCA registra alta de 0,31%, em abril, e supera previsões do mercado

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ROSANA HESSEL

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,31%, em abril, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (11/05). O dado ficou levemente acima da mediana das estimativas do mercado, de 0,29%, e reverteu o dado negativo de abril de 2020, quando houve queda de 0,31%, devido à desaceleração da economia em meio à pandemia da codiv-19.

O indicador desacelerou 0,62 ponto percentual em relação a março, quando avançou 0,93%.  Mas, em 12 meses encerrados em abril, o IPCA avançou 6,76%, acima dos 6,10% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. A taxa é a mais elevada desde novembro de 2016, quando a alta acumulada foi de 6,99%, e supera o teto da meta de inflação prevista para este ano, de 5,25%, e que precisa ser perseguida pelo Banco Central.

O centro da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,75%. No ano, a taxa acumulada ficou em 2,37%.

A alta do IPCA de abril foi puxada pelos reajustes nos preços dos medicamentos, autorizados neste mês. Os produtos farmacêuticos tiveram alta de 2,69%, contribuindo por 0,09 ponto percentual no índice geral, de acordo com o IBGE.

Em 1º de abril, foi autorizado o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. A maior variação no item ocorreu nos remédios anti-infecciosos e antibióticos (5,20%).

Conforme os dados do órgão, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta de preços em abril. O maior impacto, de 0,16 ponto percentual, e a maior variação, de 1,19%, vieram do setor de Saúde e cuidados pessoais, que havia recuado ligeiramente em março (-0,02%). Além disso, houve alta também nos produtos de higiene pessoal, de 0,99%, com impacto de 0,04 ponto percentual no IPCA.

A segunda maior contribuição para a alta do IPCA de abril, de 0,09 ponto percentual, veio do grupo Alimentação e bebidas (0,40%), acelerando em relação ao mês anterior (0,13%). Nesse grupo, a alta de 0,40% em abril frente a março foi explicada pela alimentação no domicílio (0,47%), que havia recuado (-0,17%) no mês anterior.

Entre os alimentos com maior aumento de preços, o destaque ficou com as carnes, com alta de 1,01% no mês e alta acumulada de 35,03% em 12 meses.  O produto contribuiu com 0,03 ponto percentual no IPCA. Na sequência, o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%) e o tomate (5,46%). No lado das quedas, as frutas, com recuo de 5,21% em abril, foram o principal destaque, contribuindo com -0,05 ponto percentual no índice do mês, conforme os dados do IBGE.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, apresentou variação 0,23%, inferior à do mês anterior (0,89%), especialmente, por causa do lanche, cujos preços passaram de alta de 1,88%, em março, para queda de 0,04%, em abril.

O grupo Habitação seguiu movimento inverso, segundo o IBGE, passando de 0,81% em março para 0,22% em abril. A única queda observada no mês veio dos Transportes (-0,08%), após as altas de 2,28% e 3,81% em fevereiro e março, respectivamente. Os demais grupos ficaram entre o 0,01% de Despesas pessoais e o 0,57% de Artigos de residência.

Brasília tem menor variação

O IPCA mede o impacto a inflação para as famílias com rendimento monetário de um a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

Todas as dezesseis áreas pesquisadas apresentaram variação positiva. O maior resultado ficou no município de Rio Branco (0,96%), principalmente por conta dos produtos farmacêuticos (4,50%). Já o menor resultado foi observado em Brasília (0,05%), especialmente, em função da queda de 1,47% no preço da gasolina.

Vicente Nunes