IPCA acumulado em 12 meses deve chegar a 7,5% em junho, prevê André Braz, da FGV

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ROSANA HESSEL

A alta de 0,93% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, em relação a fevereiro, não trouxe surpresas, na avaliação do economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Para ele, o indicador da inflação oficial vai continuar acelerando no acumulado em 12 meses, devendo chegar a 7,5% em junho.

“O IPCA veio praticamente igual ao IPCA-15 (que é a prévia e ficou em 0,93% na primeira quinzena de março). E teve uma precisão cirúrgica”, avaliou Braz, em entrevista ao Blog.  Ele lembrou que os vilões da inflação do mês passado foram os itens energéticos, com destaque para a gasolina que subiu quase 12% na variação mensal e foi contribuiu em 0,6 ponto percentual na alta do indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme os dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira (09/04), o IPCA acumulou alta de 6,10% em 12 meses encerrados em março. Com isso, a pressão dos preços fez o indicador de carestia dos brasileiros estourar o teto da meta de inflação, de 5,25% anuais, pela primeira vez em quatro anos. O centro da meta deste ano determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,75%.

Gasolina, maior vilão

“A alta da gasolina foi responsável por dois terços do índice. Se não fosse isso, teríamos um IPCA bem mais baixo”, comparou o economista. Ele lembrou que os preços dos alimentos ficou praticamente estável enquanto habitação e combustíveis foram os que mais pressionaram os preços. “O que chamou a atenção foi a alta no preço do gás de botijão, de quase 5%, que influenciou os gastos com habitação, assim como os reajustes das concessionárias de água e esgoto e de luz. A inflação dos energéticos reinou no IPCA e isso contribuiu para que a disseminação não fosse muito ampla”, destacou.

De acordo com o Braz, o fator positivo foi a queda nos preços de alguns alimentos in natura e de itens da cesta básica, como arroz e leite. “Apesar desses itens terem subido muito e a queda ter sido de magnitude pequena, qualquer diminuição nos preços é bem-vinda”, acrescentou.

O especialista em índices de preços destacou que, em abril, a expectativa é que o IPCA apresente uma variação mensal mais baixa do que março. “No ano passado, o IPCA de abril foi negativo em 0,30%, mas o indicador deve continuar no terreno positivo e, vai manter a aceleração no acumulado em 12 meses, devendo chegar a 7,5% em junho e, só a partir de julho, deve começar a desacelerar, encerrando o ano em torno de 5%, taxa acima da meta de inflação, de 3,75%”, explicou.

Vicente Nunes