IPCA acelera em maio e sobe 0,46%, puxado por alimentos

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ROSANA HESSEL

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acelerou em maio, em relação a abril, e registrou alta de 0,46%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (11/6). O dado ficou acima da variação de 0,38% de abril e acima da mediana das projeções do mercado, coletadas pelo Banco Central no boletim Focus, de 0,40%, e que reforçam as explicações da cautela do BC na condução da política monetária.

De acordo com o órgão, essa variação foi impulsionada pelos preços de alimentos e bebidas, que subiram 0,62%, em relação ao mês anterior, e com impacto de 0,13 ponto percentual no indicador. A alta dos preços de tubérculos, raízes e legumes, de 6,33%, foi o destaque no grupo e o vilão da vez foi a batata inglesa, cujo preço disparou 20,61%, no mês, — o maior impacto individual sobre o índice geral.

No ano, o indicador acumulou alta de 2,27% e, nos 12 meses encerrados em maio, avançou 3,93% — acima dos 3,69% contabilizados no mesmo período até abril. Em maio do ano passado, a variação foi bem menor, de 0,23%. Dos nove grupos pesquisados, oito registraram alta e a exceção foi com o do grupo de artigos de residência, que recuou 0,53% no mês.

O economista e consultor André Perfeito, ex-economista-chefe da Necton Investimentos, destacou que os dados do IPCA reforçam a tese mais cautelosa na condição dos juros no país uma vez que serviços aceleraram mais uma vez, saindo de 0,05% ao mês para 0,40%, e núcleos seguem pressionados.

“O destaque para a inflação de Porto Alegre que variou 0,87%, no mês, influenciando pela batata inglesa, pelo botijão de gás e pela gasolina. A primeira leitura dos dados reforçam a perspectiva mais hawkish (mais duro em relação à inflação) do Banco Central e devem aumentar as apostas para apenas mais um corte da taxa básica da economia (Selic)”, afirmou.

Igor Cadilhac, economista do banco PicPay, destacou que a leitura do IPCA foi “bem pior do o esperado”, mas segue com um cenário desinflacionário consistente no curto prazo. “Quando olhamos diferentes métricas, boa parte tem oscilado próximo à meta de 3%, na média, dos últimos três meses. A exceção fica com os itens mais sensíveis à força da economia e, portanto, relevantes para o Comitê de Política Monetária (Copom), que têm oscilado ao redor de 5%. Dito isso, aos olhos dos juros, fica claro que o nosso desafio não é a inflação corrente, mas as expectativas à frente”, afirmou.

INPC registra  alta de 0,46%

Conforme dados do IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou a mesma variação do IPCA, de 0,46%, em maio.

O INPC é o indicador da inflação das famílias mais pobres, com renda mensal de até cinco salários mínimos, e o indexador da correção do piso salarial.  O índice acelerou em relação ao mês de abril, quando subiu 0,37%, em grande parte, também puxado pela alta dos preços dos alimentos, que passou de 0,57%, em abril, para 0,64%, em maio.

No ano, o INPC acumulou alta de 2,42%, e, nos 12 meses encerrados em maio, avançou 3,34%, acima dos 3,23% contabilizados no mesmo período até abril.  Em maio de 2023, a taxa foi de 0,36%.

Vicente Nunes