AlimentosInflacao Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press

IPCA-15: Prévia da inflação avança 0,31%, em janeiro, puxada por alimentos

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,31%, em janeiro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (26/1).

 

O dado ficou abaixo das estimativas do mercado (em torno de 0,50%) e desacelerou em relação à taxa de 0,40% de dezembro, ficando 0,09 ponto percentual a menos.  Nos 12 meses encerrados em janeiro a variação do IPCA-15 foi de 4,47%, também abaixo dos 4,72% contabilizados no mesmo período imediatamente anterior.  Em 2023, o indicador registrou alta de 0,55% no primeiro mês do ano.

 

Apesar da desaceleração do IPCA-15, de acordo com os dados do IBGE, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados  registraram alta em janeiro. A maior variação veio do grupo Alimentação e bebidas, de 1,53%, que teve um impacto maior do que a variação do indicador, de 0,32 ponto percentual. Já o grupo de transportes, registrou queda de 1,13% e contribuiu para um impacto negativo de 0,24 ponto percentual, ajudando na desaceleração do indicador de carestia no mês.

 

Conforme os dados do IBGE, o custo da alimentação no domicílio subiu 2,04%, em janeiro, com destaque para o aumento da batata-inglesa (de 25,95%), do tomate (de 11,19%), do arroz (de 5,85%), das frutas (de 5,45%) e das carnes (de 0,94%). Já a alimentação fora do domicílio desacelerou em relação ao mês de dezembro (0,53%) e registrou alta de 0,24%.

 

Na avaliação do economista e consultor André Perfeito, o IPCA-15 de janeiro surpreendeu e veio “bem abaixo” das estimativas dos economistas.  “O resultado foi fortemente influenciado pela queda do grupo transportes, que recuou 1,13%, puxado por recuo de preços de passagens aéreas e combustíveis. No entanto, o grupo alimentação apresentou alta expressiva saindo de 0,54% em dezembro para 1,53% agora”, destacou.

 

Contudo, ressaltou que, apesar da surpresa benigna, o dado da inflação “inspira certo cuidado uma vez que no caso de transportes as quedas tendem a ser limitadas até pela defasagem atual da gasolina em relação aos preços internacionais”. “Ademais, a alta de alimentos pode refrear a sensação mais benigna da inflação mais baixa”, completou Perfeito.

 

O analista lembrou que os dados do IPCA-15 sugerem cautela no aspecto qualitativo para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que será realizada na próxima semana.  “A dispersão dos preços aumentou e uma medida bastante usada pelo Copom para antecipar a inflação, os serviços subjacentes, teve piora”, alertou. Segundo ele, os serviços tendem a pressionar o IPCA, “devido à recuperação do rendimento médio real habitual na esteira do desemprego em queda”.