Pelas estimativas de Castelar, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá registrar queda superior 10% no segundo trimestre de 2020 e, no acumulado do ano, o tombo será de 5,5%, com fechamento de empresas e desemprego chegando a 18% até dezembro. E, devido ao aumento dos gastos do governo federal no combate aos efeitos na economia do coronavírus, a expectativa do economista é que que o rombo das contas públicas poderá chegar a 14% do PIB, levando a dívida pública bruta a 93% do PIB.
Castelar destaca que, apesar das medidas do governo brasileiro tentando evitar uma crise de crédito e a depressão na economia (o pior dos mundos, com quebradeira generalizada de empresas e aumento expressivo do desemprego), os investidores estrangeiros continuam receosos com a capacidade do governo continuar emitindo dívida e deixam o país. E essa desconfiança está se refletindo na taxa de câmbio, que registra desvalorização do real frente ao dólar em 30%. “A taxa de câmbio está 40% mais desvalorizada que a média dos últimos 20 anos, o que fez as reservas em moeda estrangeira do Banco central caírem de US$ 386 bilhões, em agosto de 2019, para US$ 339 bilhões, em abril”, escreveu.
Na avaliação do economista, a profundidade da recessão no Brasil dependerá do controle dos efeitos da pandemia. Com mais de 11 mil mortes contabilizadas oficialmente, o Brasil já é o mercado emergente mais afetado. “O bloqueio nas cidades diminuiu transmissão, mas ainda existem cerca de 162 mil casos registrados. Brasileiros em melhor situação (financeira), provavelmente, ficarão em quarentena até, pelo menos, julho, mas a preocupação continuará entre os pobres, levando o sistema de saúde a ficar sobrecarregado”, alertou.
Um dos termômetros da quebra na confiança de investidores estrangeiros na economia brasileira é a debandada dos não-residentes da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que, bate recorde diários. Conforme os dados da B3 divulgados hoje, a saída do capital estrangeiro somou R$ 72,9 bilhões no acumulado do ano até o último dia 8.