Em conversas reservadas com investidores e representantes do mercado financeiro, auxiliares do presidente Michel Temer têm garantido que não há muito com o que se estressar em relação ao processo conduzido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiga irregularidades na chapa Dilma-Temer.
A justificativa é de que, mesmo que o relator do processo, o ministro Herman Benjamin, apresente voto a favor da cassação da chapa, o processo tenderá a se arrastar por muito tempo. Isso, sem falar que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, está trabalhando pesado para que os demais votos sejam a favor da separação de contas, livrando Temer da perda do mandato.
“O presidente Temer terminará, seguramente, o seu mandato”, reforça um dos assessores do peemedebista. Para ele, por mais que Herman Benjamin esteja fazendo um amplo trabalho de investigação, há como protelar o julgamento da chapa no TSE. Além disso, podo-se recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), que não prima pela velocidade.
Tiroteio
Com esse discurso, auxiliares de Temer ressaltam que os investidores podem confiar na aprovação das reformas estruturais, principalmente, a trabalhista e a da Previdência Social. “O tiroteio será grande nos próximos dias, tanto com as delações da Odebrecht quanto com as lista do Rodrigo Janot (procurador-geral da República). Mas vamos nos manter de pé. Acreditem”, diz um deles.
Sobre a permanência de Eliseu Padilha na Casa Civil, os mesmos auxiliares do presidente afirmam que o ministro “está forte e continuará forte”, por ser uma pessoa estratégica para o governo. Eles garantem que o Planalto está atento à decisão da defesa da ex-presidente Dilma Rousseff de convocar, para deporem no processo do TSE, Padilha e José Yunes, amigo de Temer que disse ter servido de “mula” para o ministro.
“Não é interessante para o governo que as doações de R$ 10 milhões feita pela Odebrecht ao PMDB — dinheiro que teria sido recebido por Padilha — sejam vinculadas à chapa Dilma-Temer. São coisas bem distintas. Essas doações foram para campanhas de deputados, senadores e governadores”, diz outro um integrante da tropa de choque do governo.
O Planalto acredita, inclusive, que esse é o entendimento de Herman Benjamin. Portanto, a aposta é de que o TSE acabará não acatando o pedido dos advogados de Dilma. Uma coisa é certa, em caso de aval positivo do TSE à demanda da defesa de Dilma, Padilha só irá depor se for convocado. Todos os convites serão recursados educadamente.
Brasília, 13h28min