A bola da vez é o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão que apontou movimentações irregulares de dinheiro nas contas de Fabrício Queiroz, ex-oficial-militar e ex-assessor de um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O chefe do Executivo anunciou nesta sexta-feira (09/08) que a instituição vai sair do Ministério da Economia e será subordinada ao Banco Central. Dias antes, o superministro Paulo Guedes tinha admitido que era possível “cabeças rolarem” no Coaf.
O atual presidente do Coaf, Roberto Leonel, é amigo de longa data do ministro da Justiça, Sergio Moro, e vem sendo alvos de críticas de aliados do presidente após o chefe do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, suspender as investigações que usem dados do Conselho,. A decisão beneficiou diretamente o filho mais velho do presidente. A saída de Leonel do Coaf seria mais um sinal de enfraquecimento de Moro, cujo pacote anticrime foi para as gavetas do Congresso. O próprio Bolsonaro defendeu que a medida fosse “segurada”.
Além de Leonel, que entrou no Conselho depois que as investigações sobre o filho do presidente tinham sido realizadas, mais três auditores da Receita Federal integram o colegiado. “O Coaf foi um dos pilares das investigações de lavagem de dinheiro no país. Ele é bastante importante para ajudar o Fisco e a Polícia Federal a desbaratarem esquemas de corrupção”, defendeu o presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral. Ele teme que o perfil técnico atual seja abandonado com essa possível mudança no Conselho. Para ele, qualquer perda de autonomia do Coaf poderá, inclusive, prejudicar o processo de adesão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países ricos.