O que era para ser a grande largada do programa de concessões do governo Michel Temer poderá se transformar em um fiasco. Mais um grupo desistiu de participar dos leilões dos aeroportos de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS) marcados para esta quinta-feira. A Corporación América, que controla, por meio da Inframerica, os terminais de Brasília e de Natal, pulou fora.
Em comunicado liberado hoje, o grupo argentino informa que a decisão de ficar de fora dos leilões se baseia “em estudos realizados que não evidenciaram retorno condizente com as políticas de investimento da empresa”. A Corporación América reitera, porém, seu compromisso nos atuais aeroportos que administra, e ressalta seu interesse em continuar investindo no país.
Já haviam desistido da disputa pelos aeroportos a CCR, que administra o terminal de Confins (MG) em parceria com a suíça Zurich e a Infraero, a espanhola OHL e o Pátria Investimentos. O governo espera arrecadar R$ 3 bilhões com as concessões. Os vencedores terão que investir R$ 6 bilhões nos terminais.
Até agora, só estão na briga pelos quatro aeroportos a alemã Fraport e a francesa Vinci Airport. Pode ser que cada uma delas dê lances para mais de um terminal. O governo está em estado de alerta. Precisa que os leilões sejam um sucesso para reforçar a confiança dos investidores, especialmente os estrangeiros, no país.
O dinheiro das concessões será usado para reforçar o caixa do Tesouro Nacional. Há o temor de que o governo não consiga cumprir a meta de encerrar o ano com rombo fiscal de, no máximo, R$ 139 bilhões. Se as concessões fracassarem, o governo terá que aumentar impostos, o que já foi aventado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ou forçar a mão no corte de gastos. A decisão sobre isso sairá em 2 de abril.
Brasília, 18h45min