Inflação sobe 0,86% em fevereiro e passa de 5% em 12 meses

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Os brasileiros que estão assustados com os preços nas gôndolas dos supermercados e nos postos de combustíveis têm razões de sobra para reclamar. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro atingiu 0,86%, superando as estimativas do mercado. Foi o maior resultado para o mês desde 2016.

No acumulado de 12 meses, a inflação alcançou 5,20%, praticamente encostando no teto da meta prevista para o ano, de 5,25%. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, esses números provocam um grande desconforto no Banco Central, que deve aumentar a taxa básica de juros (Selic) na próxima semana em pelo menos 0,5 ponto percentual, para 2,50% ao ano.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a gasolina acumulou reajuste de 7,11% em fevereiro, contribuindo, sozinha, com 0,36 ponto percentual ou 42% do IPCA. Na média, os preços dos combustíveis subiram 7,09%, puxados, também, pelo etanol, que ficou 8,06% mais caro, e pelo óleo diesel, com alta de 5,40%.

O levantamento do IBGE mostra que os aumentos de preços estão disseminados. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em fevereiro. O maior impacto no IPCA no mês (0,45 ponto) veio dos Transportes (2,28%) e a maior variação, da Educação (2,48%). Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 70% da inflação de fevereiro.

Na sequência, veio Saúde e cuidados pessoais, com aumento médio de 0,62%, cujo impacto foi de 0,08 ponto na inflação. O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 0,27% e 0,06 ponto de contribuição, com desaceleração frente a janeiro (1,02%). Já Habitação, que havia recuado 1,07% em janeiro, subiu 0,40%, contribuindo, também, com 0,06 ponto no resultado de fevereiro. Os demais grupos ficaram entre queda de 0,13% em Comunicação e  alta de 0,66% em Artigos de residência.

Os consumidores devem se preparar para mais inflação nos próximos meses. Os especialistas chamam a atenção para a forte pressão da alta do dólar sobre os custos das empresas, que vão repassá-los aos preços finais. O Banco Central tem feito intervenções constantes no câmbio, mas, ainda assim, o dólar continua em disparada.

Brasília, 9h11min

Vicente Nunes