ROSANA HESSEL
A inflação não dá trégua e acelera em fevereiro, dificultando o trabalho do Banco Central em controlar o custo de vida, para o desconforto do governo que espera queda na taxa básica de da economia (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados, nesta sexta-feira (10/3), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, subiu 0,84%, em fevereiro, acima dos 0,53% de janeiro, com alta generalizada em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
O dado surpreendeu, porque ficou acima da mediana das estimativas do mercado coletadas pelo Banco Central, no boletim Focus, de 0,78%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,37% e, nos últimos 12 meses, de 5,60%, abaixo dos 5,77% nos 12 meses anteriores. Em fevereiro de 2022, a variação havia sido de 1,01%.
A mediana das projeções do mercado para o IPCA deste ano, de 5,90%, continua acima do teto da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,75%.
O maior impacto no IPCA entre os grupos pesquisados, de 0,35 ponto percentual, foi dos itens de educação, em razão dos reajustes das mensalidades escolares e de materiais, que registrou alta de 6,28% no mês. A exceção foi do grupo vestuário, que recuou 0,24%, segunda deflação mensal consecutiva.
Outros grupos que tiveram impacto forte no IPCA de fevereiro, de 0,16 ponto e de 0,13 ponto, foram os de saúde e cuidados pessoais e de habitação, com altas de 1,26% e 0,82%, respectivamente. Já transportes (0,37%) e Alimentação e bebidas (0,16%) tiveram variações inferiores às do mês anterior.
Uma das contribuições para a desaceleração da alta nos preços dos alimentos de 0,59% para 0,16%, entre janeiro e fevereiro, foi a queda de 1,22% no preço das carnes, com destaque para a alcatra, que registrou queda de 2,50% no mês e acumula desvalorização de 2,67% em 12 meses. A batata inglesa teve deflação maior, de 11,57%, e o tomate registrou recuo de 9,81%. Por outro lado, uma das principais altas de preços foi a do leite longa vida (4,62%), cujos preços voltaram a subir após seis meses consecutivos de quedas.
Em transportes, a maior contribuição da alta de 0,37% foi da gasolina, único combustível em alta em fevereiro, de 1,16%. O gás veicular, o óleo diesel e o etanol tiveram quedas de 2,41%, de 3,25% e de 1,03%, respectivamente. As passagens aéreas, com queda nos preços de 9,38% em fevereiro, contribuíram para a desaceleração da inflação do grupo transportes frente a janeiro (0,55%), destacou o órgão. As taxas de inflação dos demais grupos ficaram entre o 0,11%, de artigos de residência, e 0,98%, para comunicação, de acordo com o IBGE.