ROSANA HESSEL
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos pisou no acelerador e avançou 1,3% em junho, dado acima do esperado pelo mercado e da alta de 1% de maio, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (13/7) pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) dos EUA. No acumulado em 12 meses, o indicador subiu 9,1%, a maior alta desde novembro de 1981.
“A alta veio bem acima do que o mercado esperava, entre 0,5% e 0,6%, e qualquer número maior do que isso era considerado surpreendente e abertura não é boa, porque mostra muita disseminação da inflação na economia”, destacou Fernando Fenólio, economista-chefe da WHG. Segundo ele, será preciso um aperto maior na política monetária por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano, e, por conta disso, uma recessão não está descartada. “O Fed vai ter que ser duro e, com isso, o dólar vai continuar forte”, acrescentou.
Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset, ressaltou que, com o resultado da inflação dos EUA surpreendendo o mercado, o Fed deverá acelerar o ritmo de aperto monetário, elevando os juros em um ponto percentual em vez de 0,75 ponto como na reunião anterior do Fomc, o comitê de política monetária do banco central norte-americano. “O mercado deve estressar. A perspectiva de ajuste de um ponto percentual na taxa básica de juros do Fed, no dia 27 e 28 (deste mês), entra no radar”, disse. E, com isso, o dólar tende a ficar valorizado frente às demais moedas, inclusive o euro, que caiu abaixo da paridade nesta quarta.
“O dólar tende a se valorizar mais com a perspectiva de maior alta dos juros nos EUA, porque a dica é fazer o mal logo de uma vez e não em doses homeopáticas. Claro, no entanto, que o Fed deve continuar a operar a partir da divulgação dos indicadores”, afirmou Hegedus.
Destaques do CPI
Conforme os dados do BLS, os índices de gasolina, habitação e alimentação foram os maiores pela alta do CPI de junho, contribuintes. O índice de energia subiu 7,5% no mês e e 41,6% em 12 meses contribuiu com quase metade do todos os itens aumentam, como o índice de gasolina que registrou alta de 11,2% no mês e 59,9% em 12 meses. O índice de alimentação subiu 1% em junho, assim como o índice de alimentação em casa, mas acumularam altas de 10,4% e de 12,2% em 12 meses, respectivamente.
O índice para todos os itens menos alimentos e energia subiu 0,7% em junho, após alta de 0,6% nos dois meses anteriores, avançando 5,9% em 12 meses. “Embora quase todos os principais índices de componentes tenham aumentado ao longo do mês, os maiores contribuintes foram os índices de abrigo, carros e caminhões usados, assistência médica, seguro de veículos automotores e veículos novos”, destacou o BLS. Os índices de reparação de veículos motorizados, vestuário, móveis e operações domésticas e recreação também aumentaram em junho. Entre os itens que caíram em junho, destacaram-se hospedagem fora de casa e tarifas aéreas.
O índice de alimentos aumentou 10,4% nos 12 meses encerrados em junho, o maior aumento desde o mesmo período encerrado fevereiro de 1981.