A euforia que marcou a retomada da economia de Portugal depois da reabertura do país em meio à pandemia do novo coronavírus está se desfazendo rapidamente.
Dados divulgados nesta sexta-feira (29/07) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam que a inflação anual em Portugal atingiu, em julho, 9,1%, a maior já registrada em 30 anos, mais precisamente desde novembro de 1992. O índice está acima da média da Zona do Euro, de 8,9%.
O custo de vida foi puxado, principalmente pelos preços da energia (que incluem combustíveis), que acumulam alta de 31,2% em 12 meses, e dos alimentos in natura, com reajustes médios anuais de 13,2%.
Consumo perde força
Ao mesmo tempo, o INE revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) português apontou queda de 0,2% no segundo trimestre do ano ante os três meses imediatamente anteriores. Na comparação anual, o PIB avançou 6,9%.
A inflação em disparada tem sido a principal razão para a perda de força da atividade econômica. Os números levantados pelo INE apontam desaceleração na demanda das famílias e das empresas e nos investimentos produtivos.
Segundo a brasileira Maria da Penha, 56 anos, que está em Portugal há 20, nunca se viu uma situação tão complicada no país. “Desde que cheguei em Portugal, não vi nada parecido. Está tudo muito caro”, diz ela, que atua como diarista.
Brasileiros são maioria em Portugal
A situação só não é pior porque ela está inserida em um programa social do governo, que reduz substancialmente as tarifas de energia. Além disso, o marido e os dois filhos mais novos que moram com ela trabalham.
“Não fosse isso, as contas não fechariam”, afirma Maria. “Tenho ouvido relatos de muitas pessoas que têm passado necessidade, não conseguem comprar tudo o que precisam”, relata. Maria e família fazem parte da grande comunidade de brasileiros que vivem em território luso.
Dados mais recentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteira (SEF), revelam que, somente no primeiro semestre de 2022, 47.600 brasileiros entraram oficialmente em Portugal para fixar residência. Já são quase 300 mil no total, um terço dos estrangeiros que vivem no país.