ROSANA HESSEL
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias mais pobres, registrou alta de 0,84% — abaixo do resultado de outubro (de 1,16%) –, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (10/12).
No ano, o indicador que mede a variação do custo de vida para as famílias com renda mensal inferior a cinco salários mínimos, acumulou alta de 9,36% e, em 12 meses, de 10,96%, abaixo dos 11,08% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2020, a taxa foi de 0,95%.
A alta de 0,84% do INPC no mês, de acordo com dados do IBGE, foi influenciada negativamente pela queda de 0,03% nos preços de produtos alimentícios, que reverteram a alta de 1,10% registrada em outubro. Já os custos dos produtos não alimentícios apresentaram leve desaceleração entre outubro e novembro, passando de 1,18% para 1,11%.
Além de desacelerar na variação mensal, o INPC ficou abaixo da alta registrada pelo indicador da inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,95%. Conforme dados do IBGE, a gasolina foi novamente um dos maiores vilões da inflação oficial de novembro, com altas de 7,38%, no mês, de 48,50%, no ano, e de 50,78%, no acumulado em 12 meses até o mês passado. Os preços do etanol e do óleo diesel subiram 10,53% e 7,48%, no mês, e 69,40% e 49,56%, no acumulado em 12 meses.
Novo salário mínimo
O INPC é o indexador do salário mínimo e, consequentemente, das despesas obrigatórias do governo com aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Logo, considerando a variação acumulada em 12 meses até novembro, de 10,96%. Essa taxa está acima da última previsão da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia para o indicador deste ano, de 10,04%, que deverá ser utilizada na mensagem modificativa para a correção das projeções de despesas no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022, que ainda prevê um INPC de 6,20%.
No PLOA, a previsão para o salário mínimo é de R$ 1,169, ou seja, R$ 69 a mais. Contudo, pela nova projeção da SPE, o piso salarial seria corrigido para R$ 1.210,44. Contudo, com o INPC acumulando alta de 10,96% até novembro, a correção deveria ser de, pelo menos, R$ 121, o que elevaria o mínimo para R$ 1.221.
O limite máximo que o INSS pode pagar por um benefício previdenciário também sofrerá reajuste com base no novo salário mínimo, assim. Se o indicador ficar em 10,04%, como prevê a SPE, o teto do INSS passará dos atuais R$ 6.433,57 para será de R$ 7.079,50 em 2022. Contudo, considerando a variação de 10,96% do indicador até novembro, esse novo teto deveria ser de R$ 7.138,69.
De acordo com levantamento Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base na inflação de outubro, o salário mínimo deveria ser de R$ 5.969,17, o equivalente a 5,42 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100.
Alta generalizada
De acordo com dados do IBGE, todas as cidades pesquisadas tiveram variação positiva no INPC de novembro. A menor taxa ficou com Belém, de 0,11%, por conta das quedas de 5,89% de itens de higiene pessoal e de 1,91% da energia elétrica. A maior variação ficou com a região metropolitana de Salvador, de 1,31%, puxada pela alta de 10,80% nos preços da gasolina. Campo Grande registrou a segunda maior alta, de 1,30%.
Brasília ficou em quinto lugar na variação mensal, com taxa de 1,01%, em novembro, a mesma de outubro, acumulando 10,61% de alta no INPC em 12 meses. Curitiba, por sua vez tem a maior inflação acumulada em 12 meses, de 14,22%. Aracaju e Belém foram as duas regiões com INPC acumulado abaixo de dois dígitos, de 9,66% e 8,12%, respectivamente.
Segundo o IBGE, o INPC é calculado pelo IBGE desde 1979 e abrange 10 regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.