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Inflação dos mais pobres acumula alta de 5,45% em 2020

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação dos mais pobres, subiu 1,46% em dezembro, acima dos 0,95% registrados em novembro. O resultado indicou aceleração do indicador que acumulou alta de 5,45% em 2020, conforme dados divulgados nesta terça-feira (12/01) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

A taxa acumulada ficou acima da alta de 4,52% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, em 2020, maior variação desde 2016, quando o indicador subiu 6,29%.

 

O resultado de dezembro do INPC foi a maior alta mensal desde janeiro de 2016, quando avançou 1,51%, e a maior variação para o mês de dezembro desde 2002, quando subiu 2,70%. Em dezembro de 2019, a taxa foi de 1,22%. E, em 2019, o INPC tinha registrado elevação 4,48%. 

 

Conforme os dados do IBGE, a inflação foi puxada por alimentos e habitação, que deu repique no último mês do ano devido à volta da bandeira vermelha na conta de luz. Os produtos alimentícios tiveram alta de 15,53% em 2020, enquanto os não alimentícios alimentos tiveram variação de 2,60%. Em 2019, a alta dos preços no grupo Alimentação e bebidas foi de 6,84%, enquanto os demais avançaram 3,48%.

 

O óleo de soja foi o maior vilão da inflação no ano, com alta de 103,79%, seguido pelo arroz, que teve variação de 76,01% no ano, e pela batata inglesa, com valorização de 67,27%, de acordo com os dados do IBGE.

 

Entre os índices regionais, a maior taxa ficou com o município de Campo Grande (7,96%), especialmente, por conta da alta nos preços de alguns alimentícios, como as carnes (29,01%) e o arroz (75,31%). A menor variação foi observada pelo INPC ocorreu em Brasília, de 4,22% no ano, influenciada pela queda nos preços das passagens aéreas (-20,01%) e de alguns itens de vestimenta, como as roupas femininas (-4,96%) e os calçados e acessórios (-4,87%).

 

Correção do salário mínimo 

 

O INPC, calculado pelo IBGE desde 1979, mede a carestia para as famílias com rendimento mensal de um a cinco salários mínimos. O indicador também é utilizado para a correção do piso salarial, que, neste ano, foi corrigido em 5,26% pelo governo, passando de R$ 1.045 para R$ 1.100, acima dos R$ 1.067 previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que ainda não foi aprovado pelo Congresso.

 

Mas, se o governo fizer como fez no ano passado e aplicar integralmente a taxa do INPC, de 5,45%, o mínimo poderá passar para R$ 1.102, ou seja, uma correção de R$ 57 e não R$ 55 como está no decreto presidencial. Resta saber se o governo vai deixar o mínimo sem corrigir pela inflação cheia, já que não há mais reajuste em termos reais desde o ano passado. 

 

Para cada real a mais de reajuste no mínimo, as despesas do governo federal com a Previdência Social sofrem um impacto de R$ 351,1 milhões em 2021, conforme dados do Ministério da Economia. Como na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) o mínimo aprovado estava em R$ 1.088, houve um acréscimo de R$ 4,2 bilhões adicionais com novo piso na previsão orçamentária. Logo, a correção R$ 2 no piso salarial, implicaria em mais R$ 702,2 milhões a essa despesa em um Orçamento que não tem espaço para novos empenhos, a não ser que ocorram cortes de gastos obrigatórios ou aumento de carga tributária.