ROSANA HESSEL
A inflação nos Estados Unidos acelerou em relação a agosto, mesmo com queda de 4,9% nos preços da gasolina, que contribuiu para o recuo de 2,1% no índice de energia – inferior ao declínio de agosto, de 5% – e não foi suficiente para conter a alta generalizada dos preços na maior economia do planeta.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,4%, em setembro, na comparação com o mês anterior, quando a alta foi de 0,1%. A alta ficou acima do esperado pelo mercado, 0,2%. Com esse resultado, acumulou alta de 8,2% nos 12 meses até setembro, conforme dados divulgados pelo Bureau of Labor Statistics, o IBGE norte-americano, nesta quinta-feira (13/10).
De acordo com dados do órgão, o CPI de setembro registrou alta de preços generalizada, com habitação, alimentação e assistência médica como os principais contribuintes do aumento mensal com ajuste sazonal do indicador.
O índice de preços dos alimentos subiu 0,8% em setembro em relação a agosto, o de alimentação em casa, 0,7%, na mesma base de comparação. O indicador para todos os itens, menos alimentos, avançou 0,6%.
O dado acumulado do CPI, contudo, é levemente abaixo dos 8,3% registrados no mesmo período encerrado em agosto, de acordo com o órgão. O indicador para todos os itens, menos alimentos, cresceu 6,6%, no mesmo período, e o índice de energia saltou 19,8% nos 12 meses encerrados em setembro, com a gasolina avançando 19,7% no mesmo intervalo. Já o índice de alimentos acumulou alta de 11,2% no mesmo período.
Poucos minutos após a divulgação dos dados de inflação nos EUA, o índice futuro da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) inverteu o sinal e começou a cair antes da abertura dos mercados. Ontem, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), divulgou a ata do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) mostrando preocupação com a persistência inflacionária e destacando que “o custo de tomar poucas medidas para reduzir a inflação provavelmente superou o custo de tomar muitas medidas”.
Na última reunião do Fomc, o Fed elevou os juros básicos dos EUA em 0,75 ponto percentual, elevando o intervalo para 3% a 3,25% ao ano e o consenso entre analistas é de que o ciclo de aperto monetário continuará em ritmo forte nas próximas reuniões.
André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, lembrou que, além de o CPI de setembro ter ficado acima do esperado, a alta de 0,6% no núcleo excluindo alimentos também superou as previsões, de 0,4%.
“A variação anual está em 8,2% do índice cheio e o núcleo está em 6,6%, uma aceleração em relação ao mês anterior quando havia sido 6,3%. A resultante da piora da inflação nos EUA é a elevação dos juros em escala global em reação à alta que o Fed deve continuar fazendo. Todas as moedas principais perdem agora contra o dólar num movimento global de aversão ao risco”, destacou.