Inflação de maio desacelera para 0,47% e acumula alta de 11,73% em 12 meses

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ROSANA HESSEL

A inflação oficial perdeu força em maio, mas continua na casa de dois dígitos no acumulado em 12 meses, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quinta-feira (09/06).

Conforme os números do órgão ligado ao Ministério da Economia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,47% em maio, dado 0,59 ponto percentual abaixo da taxa de 1,06% de abril. O resultado ficou abaixo do esperado pelo mercado (0,60%) e foi puxado, principalmente, pelo grupo Transportes, responsável por 0,30 ponto percentual — ou seja, mais da metade (63%), do indicador de inflação –, com avanço de 1,34%.  Em maio de 2021, o IPCA havia registrado alta de 0,83%.

No acumulado do ano, o IPCA acumula alta de 4,78%, acima do centro da meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,5%, e cada vez mais próximo do teto da meta, de 5%.

Em 12 meses até maio, o IPCA acumulou elevação de 11,73%, abaixo dos 12,13% registados no mesmo período até abril. O indicador de dois dígitos ainda demanda uma política monetária mais contracionista do Banco Central para conter a alta do custo de vida em 2023, uma vez que analistas consideram a meta deste ano perdida pelo segundo ano consecutivo. Em 2021, o IPCA foi de 10,06%, quase o dobro do teto da meta, de 5,25%.

Dos nove grupos pesquisados para o IPCA, oito registraram alta de preços. A exceção foi no grupo Habitação, que recuou 1,70%, impactando negativamente no indicador em 0,26 ponto percentual, devido ao fim da bandeira extra de escassez hídrica e o retorno da bandeira verde na conta de luz.

O grupo Vestuário registrou alta de 2,11%, influenciado pelas altas de 2,65% nas roupas masculinas e de 2,18% nas roupas femininas. No grupo Transportes, a maior contribuição da alta de 1,34% foi decorrente das passagens aéreas, que dispararam 18,33%, em maio, após terem subido 9,48% em abril. Os combustíveis desaceleraram em relação ao mês anterior, com alta de 1% após subir 3,20% em abril, por conta do ritmo menor de reajustes da gasolina e do etanol, que passaram de 2,48% e de 8,44%, em abril, para 0,92% e -0,43%, em maio, respectivamente.

“O resultado corrobora para a leitura de que alguns grupos atingiram em parte certo teto uma vez que já subiram de maneira relevante, logo não é razoável supor altas ainda maiores na margem. Este parece ser o caso do grupo alimentação por exemplo que após subir 2,06% no mês anterior avança apenas 0,48% em maio”, destacou o economista André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. Com esse resultado, ele aposta que o Banco Central deverá elevar a taxa básica de juros (Selic) “em apenas mais uma alta de 50 pontos base”, levando a Selic para 13,25% e parando neste patamar.

Entre as capitais, Fortaleza registrou a maior variação do IPCA em maio, de 1,41%. Já Vitória ficou na lanterna entre as 16 regiões metropolitanas pesquisadas com deflação de 0,08%. Contudo, apenas uma capital, Belém, registrou alta acumulada do IPCA abaixo de 10%. Belém, com variação de 0,36% na inflação oficial de maio, registrou 9,52% de elevação no IPCA acumulado em 12 meses. Brasília registrou inflação abaixo da média, de 0,31%, em maio. No acumulado em 12 meses, o indicador registrou elevação de 10,85%.

Vicente Nunes