ROSANA HESSEL
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 1,06% em abril, acumulando alta de 12,13% nos 12 meses encerrados em abril, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (11/5).
Apesar da desaceleração de 0,56 ponto percentual em relação ao IPCA de março, a variação do indicador foi a mais elevada para os meses de abril desde 1996, quando o indicador teve alta de 1,26%, de acordo com o IBGE. No acumulado em 12 meses, o salto de 12,13% é o maior desde outubro de 2003.
No mesmo mês de 2021, o IPCA tinha subido 0,31%. No acumulado do ano, o IPCA subiu 4,29%, taxa superior a meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,5%.
A alta dos preços continua espalhada na economia. Segundo o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em abril. O índice de difusão do IPCA avançou de 76%, em março, para 78%, em abril.
As maiores variações entre os grupos, de 2,06%, e o maior impacto, de 0,43 ponto percentual, vieram do grupo de Alimentação e bebidas. Na sequência, vieram os Transportes, com alta de 1,91% e impacto de 0,42 ponto percentual no IPCA. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% da inflação de abril. O único grupo com variação negativa foi o de habitação, de -1,14%, o que ajudou a conter a inflação de abril. Devido à retirada da bandeira de escassez hídrica, o custo da energia elétrica recuou 6,27% no mês passado, conforme os dados do IBGE.
Desde 2021, o IPCA vem registrando altas acima de dois dígitos no acumulado em 12 meses e, de acordo com analistas, a inflação continuará rodando acima de 10%, pelo menos, até agosto. Algumas previsões, como a do BNB Paribas, no entanto, apontam para o indicador em 10% até dezembro. O teto da meta de inflação deste ano é de 5%.
Vilões
Entres os alimentos, a batata inglesa, o açaí, o leite longa vida e o tomate lideraram as variações de preços em abril, com altas de 18,28%, 11,73%, 10,31% e 10,18%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, a cenoura ganha destaque, com salto de 178,02%, apesar de ter registrado deflação de 4,01% em abril. Na sequência, o tomate também registrou disparada de preços, acumulando alta de 103,23% nos 12 meses encerados em abril.
Dos itens não alimentícios, passagens aéreas, táxi e etanol lideraram as altas, com variações mensais de 9,48%, 9,16% e 8,44%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, as principais taxas foram de transporte por aplicativo, de 67,18%, óleo diesel, de 53,58%, e etanol, de 42,11%. O preço da gasolina teve avanço de 2,48% no mês, conforme os dados do IBGE, e acumula elevação de 31,22% no ano.