Há meses se discute uma intervenção no Rio. Cogitou-se isso quando se constatou a falência das finanças do estado. O governo federal, no entanto, preferiu recorrer a medidas paliativas para mascarar os graves problemas do Rio, pois queria aprovar, a qualquer custo, a reforma da Previdência Social. Por lei, quando se decreta intervenção federal em um estado, o Congresso fica impedido de votar propostas de mudanças na Constituição. Agora, o presidente Michel Temer acredita que pode suspender temporariamente a intervenção e votar as mudanças no sistema de aposentadorias. Muita gente dentro do Planalto não acredita nisso. E recomenda a Temer que use a intervenção do Rio para mudar a agenda do governo.
Desde que se constatou a falência financeira do Rio, a situação degringolou de vez. As finanças do estado ruíram, mesmo com o socorro federal. A violência ganhou proporções gigantescas. E não se restringiu à cidade do Rio, comandada por outro incompetente, o bispo Marcelo Crivella. Espalhou-se por todo o estado. Um reflexo de toda a roubalheira que, durante anos, dominou o governo local. O Rio viu três ex-governadores serem presos, assim como o presidente da Assembleia Legislativa. As quadrilhas que dominam o tráfico e o mercado ilegal de armas se sentiram poderosas para ampliar o espaço deixado por um Estado ausente e corrupto.
A intervenção federal na segurança pública não vai resolver os problemas do Rio. Não a curto prazo. O Rio está podre. Levará anos para se reconstruir o estado, limpar a corrupção que domina a área de segurança local, reordenar as finanças locais e reconquistar a confiança da população. Os cidadãos do Rio estão céticos, cansados de promessas. Há anos vêm ouvindo que o Rio daria a volta por cima. Isso nunca aconteceu. O curto período em que a sensação de segurança deu as caras foi pura ficção.
À população também caberá o seu papel nesse processo de limpeza e reconstrução do Rio. Terá que votar melhor. Não é possível que os cidadãos fluminenses continuem votando em Sérgio Cabral, Garotinho, Rosinha, Pezão, Benedita da Silva, Eduardo Cunha, Jorge Picciani, Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, Marcello Crivella. Diz um ditado que cada povo tem o governo que merece. Já passou da hora de o Rio mostrar que quer o melhor. Outubro está quase ali.
Brasília, 10h01min