ROSANA HESSEL
Após um dia tenso nas bolsas norte-americanas, que chegaram a desabar 5%, ontem, em virtude da surpresa com a inflação ainda bastante resistente nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão desta quarta-feira (14/9) oscilando entre perdas e ganhos.
As negociações da B3 começaram o dia novamente no vermelho, em meio às notícias nada animadoras das vendas do varejo no país, que recuaram pelo terceiro mês seguido. O recuo de 0,8%, em julho na comparação com mês anterior, foi mais profundo do que as estimativas do mercado, que esperava variação de -0,1%. Analistas alertam que as vendas do comércio devem desacelerar nos próximos meses, devido ao encolhimento da renda disponível e ao maior impacto da alta dos juros.
O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, às 10h13, recuava 0,61%, a 110.120 pontos, acompanhando o desempenho das bolsas europeias, que operavam com quedas. Em Londres, por exemplo, o Índice FTSE 100 recuava 1,36%. O DAX, da Alemanha, registrava queda de 1,30% e o IBEX, da Espanha, escorregava 0,40%.
Poucos minutos mais tarde, a B3 operava no azul na tentativa de acompanhar as bolsas de Nova York, que tentavam operar no campo positivo, mas com variações tímidas, bem perto de zero. Por volta das 11h, recuperava o patamar de 111 mil pontos, com alta de 0,36%. “No fim do dia vai, a B3 deve acompanhar mais Nova York. Depois da queda forte de ontem, imagino que hoje segure um pouco mais”, destacou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Já o dólar comercial iniciou o dia com leve alta, sendo negociado a R$ 5,19, com valorização de 0,08% sobre a cotação da véspera, quando voltou a subir diante da alta de 8,3% na inflação dos EUA no acumulado em 12 meses até agosto, acima da taxa de 8% esperada pelo mercado norte-americano, que encerrou o dia em clima bastante tenso, afetando as bolsas internacionais, inclusive, a B3.
A taxa do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou acima do esperado pelo mercado, que apostava em uma desaceleração na inflação de 8,5%, em julho, para 8%, em agosto, no acumulado em 12 meses, de acordo com especialistas, que reforçaram as apostas de um aperto monetário mais forte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na semana que vem.
A reunião do Fomc, comitê de política monetária norte-americano, ocorrerá nos mesmos dias do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, entre 20 e 21 deste mês. Algumas apostas já apontam alta de até 1,0 ponto percentual nos juros dos EUA e, aqui no Brasil, um aumento derradeiro na taxa básica da economia (Selic), de 0,25 ponto percentual, para 14%, também não é descartado, apesar da maioria ainda apostar em uma estabilidade na decisão.
Não à toa, diante da perspectiva de juros mais altos por um período mais prolongado, os títulos do Tesouro Nacional prefixados (LTN) com vencimento em 2025 são negociados com taxas acima de 12% ao ano. Enquanto isso, os papeis indexados à inflação (NTN-B) pagam prêmio adicional de 5,92% para os que possuem vencimento em 2035.