Incompatibilidade com Meirelles derrubou Godoy da Fazenda

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A decisão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de exonerar Tarcísio Godoy da secretaria executiva da pasta foi tomada há pelo menos uma semana. Meirelles estava decepcionado com o “verdadeiro” Godoy que conheceu depois que passaram a conviver diariamente. O dia a dia de trabalho mostrou como os dois eram incompatíveis.

Quando chegou à Fazenda, Meirelles precisava urgente de alguém que pudesse lhe mostrar o terreno em que estava pisando. Sabendo disso, Godoy, que havia sido secretário executivo de Levy, se aproximou imediatamente do ministro e lhe ofereceu seu conhecimento. Meirelles não pensou duas vezes, dado que Godoy havia passado por cargos importantes na Fazenda, inclusive de secretário do Tesouro Nacional.

Não por acaso, foi o primeiro a ser nomeado. Os dias se passaram. E, aos poucos, Meirelles foi percebendo o quanto era difícil a conviver com Godoy, sempre com posições intransigentes e com enorme dificuldade para trabalhar em grupo. A medida que a decepção com o subalterno aumentava, Meirelles decidiu procurar informações sobre ele. Ouviu de tudo. Que Godoy não conseguia ouvir uma frase sem interromper o interlocutor. Que ele se mostrava saber de tudo, dos mais prosaicos aos mais complicados assuntos.

Há dois dias, já sabendo que não tinha poder sobre o tema e ciente que estava com os dois pés fora da Fazenda, Godoy convocou os 27 secretários estaduais de Fazenda a Brasília. A pauta era o refinanciamento das dívidas estaduais. Já na abertura dos trabalhos deixou claro que o tema seria tratado diretamente por Meirelles com os governadores. Ou seja, os nobres secretários viajaram à toa, o que causou enorme mal-estar. Foi nesse dia que o ministro decidiu acelerar a substituição de Godoy por Eduardo Guardia.

Pessoas do governo tentaram arrumar uma desculpa viável para a saída de Godoy a fim de não comprometer  Meirelles. Disseram que ele havia se rebelado contra o aumento de salários dos servidores públicos, como noticiou mais cedo o Blog. Mas não foi isso. A razão foi a incompatibilidade com o ministro da Fazenda. As mesmas pessoas disseram que Godoy poderia ocupar uma vice-presidência no Banco do Brasil, mas, na instituição, a rejeição a ele é enorme.

Não será fácil para Meirelles corrigir o erro e não deixar Godoy à deriva.

Brasília, 14h10min

Vicente Nunes