Na avaliação dos investidores, o quadro político brasileiro está incerto demais e totalmente judicializado. A dúvida se Lula será ou não candidato atormenta a todos. É grande a apreensão em relação ao julgamento marcado para esta quarta-feira, 4, do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Muitos acreditam que a mais alta Corte do país livrará o petista da cadeia, mesmo tendo sido condenado em segunda instância.
Para os investidores, livre da prisão, Lula tocará fogo nas eleições, radicalizando o debate, a despeito de ter a candidatura vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Nesse clima de radicalização, que favorece o deputado Jair Bolsonaro, da extrema direita, as oscilações dos ativos vão aumentar, provocando perdas, sobretudo, aos pequenos poupadores.
Olhando para o atual quadro eleitoral, os investidores não veem nenhum candidato de centro-direita capaz de atrair a atenção do eleitorado. É isso o que mais aflige os donos do dinheiro. Mantida a atual tendência, é muito possível ter um segundo turno entre Bolsonaro um candidato de esquerda apoiado pelo PT de Lula. No entender dos investidores, será como empurrar o país para a beira do abismo.
É por isso que todos estão pisando no freio e revendo as projeções para este ano. Como diz um banqueiro, é melhor deixar o dinheiro parado rendendo pouco, já que a taxa básica de juros (Selic) está no nível mais baixo da história, de 6,50%, do que correr o risco de levar um baita prejuízo num país radicalizado, dominado ou pela extrema esquerda ou pela extrema direita.
Segundo os investidores, a situação está tão turva que, nem mesmo com a Selic baixa, os investimentos produtivos e o consumo estão acelerando o passo. No início do ano, até se acreditou que o PIB engataria de vez um crescimento mais forte. Contudo, dadas às incertezas que só aumentam, a política voltou a contaminar a economia.
Brasília, 19h14min