Ilan Goldfajn e Alexandre Tombini, tudo a ver

Publicado em Economia

Se tem uma coisa que Ilan Goldfajn quis fazer logo que chegou à presidência do Banco Central, em junho de 2016, foi se distanciar da imagem de seu antecessor, Alexandre Tombini. Na visão de Ilan, a gestão de Tombini havia sido desastrosa, sobretudo por atender aos pedidos da então presidente Dilma Rousseff para o BC manejar a política de juros de acordo com os interesses do Palácio do Planalto. Essa postura, por sinal, destruiu a credibilidade da autoridade monetária.

 

Não se pode negar: nos últimos dois anos, Ilan conseguiu não só apagar o histórico da gestão de Tombini, como reconstruir a credibilidade do Banco Central. Da mesma forma, porém, que se distanciou de Tombini, Ilan está se aproximando rapidamente de seu antecessor. Os primeiros passos foram dados em meados de maio, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu todo o mercado ao manter a taxa básica de juros (Selic) inalterada em 6,50%, isso, mesmo tendo ele verbalizado que os juros cairiam 0,25 ponto percentual. Ao induzir o mercado ao erro, trincou a relação com os investidores. Tombini era mestre em dar cavalos de pau na política monetária.

 

A hesitação do BC em atuar no mercado de câmbio para conter a arrancada do dólar empurrou Ilan para mais perto de Tombini. Nesta quinta-feira (07/06), ao convocar uma entrevista coletiva para anunciar medidas mais duras para conter o ataque contra o real, Ilan disse que a situação do país é robusta, com reservas internacionais elevadas e contas externas ajustadas. Tudo como Tombini.

 

Disse mais: que, se necessário, o BC vai superar o limite histórico de intervenção no mercado de câmbio por meio de contratos de swap, nos quais o banco aposta na queda do dólar e na alta dos juros. Esse limite chega a US$ 110 bilhões, que foi utilizado por Tombini, sem sucesso. Mesmo o BC pagando caro por essas operações, o dólar não caiu.

 

Ilan afirmou que o BC não usará a taxa de juros para segurar a alta do dólar. Tombini disse o mesmo. Logo depois das eleições de 2014, no entanto, o BC elevou os juros. Teremos eleições em outubro próximo. Começou a contagem regressiva para ver quanto Ilan e seu time vão aumentar a Selic. Na visão dos operadores, não se trata mais de quando será a alta dos juros, mas que quanto.

 

Brasília, 19h49min