Ilan fará discurso duro contra inflação, mas indicará convergência da meta para 2018. Juros só cairão quando houver espaço

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Todas as atenções do mercado financeiro estão voltadas para o discurso que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, fará nesta terça-feira, 28, durante a apresentação do relatório trimestral de inflação.

Está certo que ele lançará mão de um discurso duro contra o custo de vida, que se mantém muito distante do centro da meta, de 4,5%, indicando que a taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25% ao ano, só cairá quando houver espaço para isso.

Ilan deve indicar que, apesar da postura mais dura do BC, a inflação só convergirá para o centro da meta em 2018. Mesmo com o dólar mais fraco, os modelos da autoridade monetária ainda não mostram a inflação em 4,5% até o fim de 2017.

O discurso mais enfático de Ilan contra a inflação tem motivo. Não soou bem dentro do BC a declaração do presidente interino, Michel Temer, de que as taxas de juros devem cair ainda neste ano. Por mais que o BC queira cortar os juros, não é indicado que o Palácio do Planalto entre na discussão.

O antecessor de Ilan, Alexandre Tombini, perdeu toda a credibilidade na condução da política monetária justamente porque cedeu aos apelos da presidente afastada, Dilma Rousseff.

Brasília, 16h10min

Vicente Nunes