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IFI mantém projeção para o PIB de 2021 e continua prevendo rombo fiscal até 2030

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

Na contramão do mercado, que está elevando para cima as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a Instituição Fiscal Independente (IFI) manteve a projeção de avanço do PIB de 2021 em 3%, conforme o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), divulgado nesta segunda-feira (17/05). A entidade também manteve a previsão de que o governo continuará registrando rombo nas contas públicas, pelo menos, até 2030.

 

“As incertezas quanto à evolução da pandemia e ao ritmo de vacinação necessário para a imunização da população contra a covid-19 e a reabertura ampla e segura da economia adicionam ainda muitas dúvidas ao comportamento prospectivo da atividade econômica”, destacou o documento.

 

Apesar do conservadorismo, a entidade do Senado Federal revisou de -0,2% para 0,3% a estimativa do PIB do primeiro trimestre, por conta de os indicadores macroeconômicos que acabaram apresentando quedas menores do que o esperado, principalmente, no comércio e na indústria.  No cenário otimista, prevê expansão de 4% no PIB deste ano.

 

“Preferimos optar pelo conservadorismo no cenário base, porque ainda há muitas incertezas em relação à vacinação e às medidas de restrição ao longo do ano. O primeiro trimestre foi melhor do que o esperado, mas os dados dos trimestres seguintes ainda não garantem essa tendência de dados melhores”, explicou o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, em entrevista ao Blog.  “Por isso, decidimos incorporar a alta do PIB de 4% apenas no cenário otimista. Vamos aguardar mais informações do segundo trimestre e outros indicadores que permitam avaliar melhor”, acrescentou.

 

A IFI prevê que, devido ao aumento de novos créditos extraordinários neste ano para custear medidas adicionais no combate à pandemia, o deficit primário efetivo encerrará dezembro em R$ 266,6 bilhões no ano, ou 3,3% do PIB. A meta fiscal fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) permite um deficit primário de até R$ 247,1 bilhões, ou 3,1%, que era a previsão anterior da instituição. Apesar do aumento da estimativa do rombo, conforme o relatório, esse objetivo fiscal deverá ser cumprido “em razão dos abatimentos permitidos pelas alterações promovidas na LDO”. Segundo o relatório, “o risco para descumprimento do teto de gastos passou de moderado para baixo”.

 

Pelas estimativas da entidade, mesmo no cenário base o governo continuará registrando defcitis primários nas contas públicas, pelo menos, até 2030.  O governo vem contabilizando rombos fiscais consecutivos desde 2014, o que será um desafio para conter o aumento do endividamento. As projeções para a dívida pública bruta do governo geral também foram revisadas, passando de 92,7%, em fevereiro, para 91,3% do PIB, neste mês, considerando o cenário base de 2021, mantendo a a tendência de crescimento, “tanto no cenário base quanto no pessimista”.

 

“O esforço fiscal para estabilizar a dívida, em três a cinco anos, é calculado em 1,5 ponto a 2,0 pontos percentuais do ´PIB”, informou a nota, que aponta dívida pública bruta encerrando 2030 em 99,7% do PIB. No cenário pessimista, considerando uma deterioração econômica e fiscal, com baixo crescimento do PIB, juros mais elevados e o deficit primário persistente, a dívida pública poderá chegar a 128,4% do PIB até 2030. “Medidas que combinem a recuperação das receitas e um maior controle das despesas colaborariam para evitar a concretização desse cenário. As novas regras fiscais da Emenda Constitucional nº 109 não atendem ao propósito”, destacou o documento.

 

De acordo com Salto, apesar de a dívida pública continuar crescendo nos próximos anos, em 2022, o cenário fiscal é mais positivo do que neste ano, devido à correção do limite do teto de gastos considerar uma inflação maior do que a projetada para o ano todo, por considerar no acumulado em 12 meses até junho.  Contudo, haverá desafios para a utilização da folga adicional para o cumprimento da regra do teto, de R$ 35,2 bilhões, considerando uma inflação de 7,4%. “O governo não poderá gastar integralmente esse montante, talvez apenas a metade dessa margem, porque ele precisará respeitar outras regras fiscais, como a meta de resultado primário”, alertou.

 

A mediana das projeções do mercado para o PIB de 2021, que são coletadas pelo boletim Focus, do Banco Central, passou de 3,21%, na semana passada, para 3,45%, nesta semana. É a sexta alta consecutiva semanal contabilizada pelo relatório. Algumas previsões já preveem avanço de 4% no PIB deste ano, mas analistas condicionam esse dado ao avanço das vacinações, que ainda não é uma certeza para a maioria já que há ameaças de falta do imunizante no país.