IBGE: IPCA de novembro registra alta de 0,95%, a maior em seis anos

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ROSANA HESSEL

A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês de novembro com alta de 0,95% na comparação com mês anterior, puxada pelo aumento dos preços dos combustíveis, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (10/12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado de novembro desacelerou em relação à elevação de 1,25% de outubro e ficou abaixo da expectativas do mercado, cuja mediana previa alta em torno de 1,10%. Contudo, foi a maior alta para o mês desde 2015, de 1,01%, conforme dados do IBGE.

No acumulado do ano, o IPCA subiu 9,26% e, em 12 meses encerrados em novembro, o salto foi de 10,74% — a maior taxa para o período desde 2003, quando avançou 11,02%. No décimo primeiro mês de 2020, o IPCA registrou variação de 0,89%.

Conforme dados do IBGE, a desaceleração do IPCA em novembro teve a contribuição das ofertas no fim do mês por conta das ofertas da Black Friday, mas sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta.

A maior variação, de 3,35%, veio dos Transportes, que respondeu por 76% do índice do mês, com impacto de 0,72 ponto percentual no IPCA. A gasolina deu a maior contribuição individual, de 0,48 ponto percentual, depois de subir 7,38%, mantendo-se como o maior vilão da inflação no mês. No acumulado em 12 meses, o combustível registra alta de 50,78%.

Outros combustíveis também tiveram reajustes em novembro. O etanol subiu 10,53%, o óleo diesel, 7,48%, e o gás veicular, 4,30%.  Os preços dos automóveis novos e usados, com altas de 2,36% e de 2,38%, respectivamente, aceleraram em relação a outubro, quando a variação foi de 1,77% e 1,13%.

A segunda maior contribuição para a alta do IPCA de novembro veio do grupo Habitação, com alta de 1,03% no mês e impacto de 0,06 ponto percentual no IPCA. O destaque ficou com a energia elétrica, com variação de 1,24%, devido à manutenção da bandeira de escassez hídrica, que aumenta a conta de luz em R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos.

O gás encanado teve alta de 2%, devido, principalmente, ao reajuste de 6,90% das tarifas no Rio de Janeiro, de 6,30% desde 1º de novembro. Outro item que contribuiu para inflação do grupo foi o gás de botijão, com variação de 2,12% no mês, contribuindo com 0,03 ponto percentual na alta do IPCA. No acumulado em 12 meses, o gás de cozinha registra elevação de 38,88% .

Entre as variações negativas, o destaque ficou com as passagens aéreas, que registraram queda 6,12%, após as altas de 28,19%, em setembro, e de 33,86%, em outubro, de acordo com o IBGE. As passagens de ônibus urbano tiveram variação negativa de 0,05%, decorrente do recuo de 12,50% nos preços das passagens em Rio Branco.

O grupo Alimentação e bebidas também teve variação negativa em novembro, com queda de 0,04%. Esse resultado foi puxado pelo recuo de 0,25% na alimentação fora do domicílio, que foi influenciado pela queda de 3,37% no subitem lanches.  Na alimentação no domicílio, houve quedas nos preços do leite longa vida, de 4,83%; do arroz, de 3,58%; e das carnes, de 1,38%. Por outro lado, os preços da cebola e do café moído tiveram altas de 16,34% e de 6,87%, respectivamente.

Entre as 16 capitais pesquisadas, apenas a região metropolitana de Belém registrou queda. A variação negativa de 0,03% foi influenciada, principalmente, pelas quedas de 6,51% dos itens de higiene pessoal e de 1,92% da energia elétrica.

Campo Grande e Salvador lideraram as altas mensais, de 1,47% e de 1,42%, respectivamente. Brasília teve a sexta maior alta, de 1,04% e passou a acumular inflação de dois dígitos em 12 meses, de 10,06%. Apenas Belém e Rio de Janeiro permanecem com taxas de um dígito no acumulado em 12 meses, de 8,70% e de 9,57%, respectivamente.

Vicente Nunes