ROSANA HESSEL
A guerra no Leste Europeu acabou afetando a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais, de acordo com dados da Pesquisa ModalMais/APExata, divulgada nesta sexta-feira (25/02).
O termômetro semanal da popularidade dos presidenciáveis mostrou que o conflito armado entre Rússia e Ucrânia fez as menções negativas a Lula no Twitter passarem de 64% para 69%. Enquanto isso, as menções negativas a Bolsonaro chegaram a 77%. Na semana passada, a viagem de Bolsonaro à Rússia foi profundamente criticada, resultando em um aumento das menções negativas a ele no Twitter, que chegaram a atingir 68%.
De acordo com o levantamento, a maioria dos internautas repetiu que a visita do presidente Bolsonaro a Moscou, em período muito conturbado, “foi um erro e enviou sinais contraditórios para a comunidade internacional”.
“Após a concretização da invasão de tropas russas ao território ucraniano, opositores do presidente recordaram a ‘solidariedade’ manifestada por Bolsonaro no encontro com Putin. Eles pedem que o presidente mantenha silêncio sobre o tema, receando um incidente diplomático que possa ser prejudicial para o Brasil”, acrescentou a pesquisa.
De acordo com o documento, apesar de haver uma tendência nas redes de classificar a Rússia como o agressor, existem bolhas de opinião que acusam os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de provocarem o presidente russo, Vladimir Putin, com o convite para que a Ucrânia entrasse na aliança criada durante a Guerra Fria, o que significaria bases militares norte-americanas na fronteira com a Rússia.
“Uma nota do PT no Senado, posteriormente deletada, usou precisamente este argumento para explicar a invasão. O PT e Lula foram alvo de muitas críticas nas redes, acusados de desvalorizar a gravidade do ataque à soberania e independência da Ucrânia. Após as críticas do PT aos EUA, a rejeição a Lula, no Twitter, passou de 64% para 69%”, destacou a pesquisa.
“Bolsonaro também foi acusado nas redes de se opor ao Ocidente e mostrar, de forma implícita, um alinhamento à Rússia, aliada da China, de Cuba e da Venezuela. Algo que deixou perfis de direita incomodados. As menções negativas ao presidente chegaram a 77%, no Twitter”, acrescentou.
O vice-presidente Hamilton Mourão arriscou, ontem, uma condenação à Rússia, mas foi desautorizado no mesmo dia por Bolsonaro em sua transmissão semanal nas redes sociais. “Opositores criticam a demora do presidente em repudiar claramente Moscou. Governistas tentam remediar a crise, dizendo que o presidente busca a paz e que um posicionamento mais veemente do país depende depende de um contexto que está sendo acompanhado pelo Itamaraty”, completou o documento.
Rejeição
A rejeição do governo Bolsonaro, de acordo com a pesquisa, vem caindo gradualmente nas últimas semanas. De acordo com o documento, o pico negativo aconteceu há um mês, quando o percentual de pessoas que consideravam o governo ruim ou péssimo chegou a 54,3%. Desde então, o índice vem melhorando, ainda que de forma lenta, mas continua em patamares elevados. Nesta sexta-feira, 52,9% classificaram a gestão como ruim ou péssima. Outros 24,7% avaliaram como boa ou órima e 22,4%, regular.