O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu mostras, nesta quarta-feira (23/09), de que está disposto a passar por cima do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e levar adiante a sua obsessão de recriar a CPMF, travestida de imposto sobre transações eletrônicas. Maia é extremamente contra a proposta.
Para executar seus planos, Guedes reuniu-se com líderes do Centrão e o presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de unificar o discurso. O ministro deixou claro que o governo está discutindo “tributos alternativos” e formas de se fazer uma aterrissagem suave do fim do auxílio emergencial. Ou seja, o Renda Brasil está de volta à pauta do Executivo.
Logo após a reunião, que não contou com a presença de Maia, Guedes traçou um quadro positivo para a economia se o Congresso fizer andar a agenda do governo, que passa pela aprovação da reforma tributária — a segunda etapa da proposta do Planalto deve seguir para o Congresso na próxima semana —, da reforma administrativa e da PEC do Pacto Federativo.
No arranjo com os líderes, o governo prometeu unificar as três PECs enviadas no ano passado ao Legislativo para abrir espaço no Orçamento a fim de bancar um programa social mais robusto do que o Bolsa Família. Tudo com o aval de Bolsonaro, que havia prometido enterrar o Renda Brasil, mas está obcecado por um programa social para chamar de seu.
Investidores desconfiam de Guedes
No pacote apresentado por Guedes aos líderes do Centrão, foi incluída a proposta de desoneração da folha de pagamento, mas sem qualquer detalhamento do projeto. O governo quer, com essa promessa, evitar a derrubada do veto sobre a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores até o fim de 2021.
Antes das declarações do ministro da Economia, o presidente da Comissão Mista da Reforma Tributária, senador Roberto Rocha, que também se reuniu com Bolsonaro, disse que a CPMF está fora de discussão neste momento, pois não há clima político para se debater o assunto.
Guedes, ladeado por ministros e por líderes do Centrão, está tentando retomar a confiança dos investidores, que estão cada vez mais céticos quanto aos compromissos do governo em promover reformas e em conter o rombo das contas públicas.
Para dar suporte ao chefe da equipe econômica, o líder do governo do Câmara, Ricardo Barros, afirmou que o teto de gastos está mantido em todas as hipóteses que vierem a ser discutidas no Congresso. Será difícil, porém, convencer os donos do dinheiro desse compromisso.
Brasília, 12h01min