Faltando praticamente um ano para as eleições de 2022, se a economia não reagir logo, Guedes será apontando como o grande responsável pelo fracasso de Bolsonaro. O problema é que o ministro está de mãos atadas. No máximo, consegue lançar paliativos, com o aumento do IOF, para arrecadar R$ 2,1 bilhões e bancar parte do Auxílio Brasil, o Bolsa Família turbinado.
Para integrantes da ala política do governo, com assento no Palácio do Planalto, Guedes acreditou nas mentiras que ele criou, como a de que a economia estava se recuperando em V. Os números da atividade mostram que há risco de o Produto Interno Bruto (PIB) nem recuperar o que caiu em 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus.
As perspectivas são ainda piores para 2022. Há riscos de o Brasil mergulhar numa nova recessão caso o racionamento de energia se confirme. O resultado será mais desemprego e pobreza, combinados com inflação alta, algo explosivo para um candidato que tentará ficar mais quatro anos no poder.
O Datafolha mostra, também, que 53% dos entrevistados rejeitam Bolsonaro, um recorde deste o início do mandato. Ou seja, a bolha que ainda apoia do presidente está desinflando numa velocidade impressionante. Mesmo em áreas onde ele era forte, como no Sul do país, a rejeição está em disparada.
Se já não havia boa vontade da ala política do Planalto e do Centrão com Guedes, a partir de agora, com a economia derretendo e a popularidade do presidente desabando, a pressão vai aumentar. Os políticos acreditam que Guedes achou que podia tudo e enganou Bolsonaro até aqui. A pesquisa Datafolha, no entanto, virou a chave. O ministro que se prepare.
Brasília, 19h31min