“Nossos incentivos não serão mais em cima de energia suja. Com nossa reforma tributária, estaremos avançando na isenção para economia verde e digital”, prometeu o ministro, na manhã desta segunda-feira (31/05), no segundo painel da quarta edição do Brazil Investment Forum (Fórum de Investimentos Brasil, em inglês), organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o governo federal.
Segundo os organizadores, o evento virtual registrou 5.203 inscrições, dos quais 1.435 foram de estrangeiros. O país com maior número de participantes, depois do Brasil, com 3.768, foram os Estados Unidos, com 275 inscritos, e, na sequência, veio a China, com 142. O fórum acontece até amanhã.
Ao defender no discurso de cerca de 30 minutos a adoção de medidas para proteger o meio ambiente, uma exigência de grandes investidores e de importadores europeus, principalmente, Guedes assegurou que o país vai se tornar “o centro da economia biosustentável”. “O Brasil, entre as economias do G20 (grupo das maiores economias do planeta), tem a matriz energética mais limpa do mundo e está avançando na energia eólica e estamos dando os primeiros passos na economia do hidrogênio”, disse. “A Amazônia será um centro de provisão de serviços para a economia do meio ambiente. Nós sabemos que uma árvore vive vale mais do que uma árvore morta”, adicionou o ministro.
A apresentação de Guedes aos participantes do BIF foi virtual e ocorreu logo após a abertura feita pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, em sua fala — dois dias após dezenas de milhares de brasileiros irem às ruas em várias capitais pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro pela má condução no combate à pandemia, chamada por ele de “gripezinha” –, fez questão de afirmar que existe um único inimigo no país. “Nós só temos um único inimigo, o vírus”, frisou.
Resta saber se essa nova promessa de Guedes de focar na energia sustentável será cumprida ou fará parte do rol das promessas não cumpridas desde o início do governo, pois, até agora, o ministro não apresentou a proposta de reforma tributária na íntegra, que, no primeiro ano de mandato a volta da CPMF, que seria uma espécie de compensação da desoneração da folha, e, até agora, o ministro não conseguiu emplacar dentro do governo..
“Novo horizonte de investimentos”
De acordo com o chefe da equipe econômica de Bolsonaro, com a vacinação em massa e as reformas econômicas evoluindo, o Brasil poderá ser o “maior horizonte de investimento mundial”. Nesse sentido, ele citou que há mais de 150 ativos do programa de concessões de infraestrutura e avanços nos marcos regulatórios da cabotagem e do setor elétrico, como ocorreu com o do gás natural e do saneamento. Ele ainda citou o marco regulatório das startups e reforçou que o do setor elétrico será focado na economia verde como medidas para atrair o capital estrangeiro.
“O Brasil terá o maior ecossistema de investimento na economia digital e na economia verde. O meio ambiente é decisivo”, disse. “Sabemos que o futuro é verde e nós sabemos que o futuro é digital e o marco das startups não permite entrar nessa área”, disse Guedes, ressaltando que o Brasil é a “terceira maior democracia digital do mundo”, atrás de Estados Unidos e da Índia, evitando citar a China. Segundo ele, a economia verde vai girar em torno da região amazônica. “Queremos ajuda e investimento de fora para construirmos esse futuro digital e nosso futuro verde”, frisou.
Durante a apresentação virtual, Guedes voltou a prometer que o Brasil “vai surpreender o mundo pelo terceiro ano consecutivo”. Ele comemorou os dados melhores do que o esperado da atividade econômica no início do ano que estão fazendo analistas do mercado melhorarem as previsões para estimativas melhores do que as do governo.
Otimismo com a economia
O chefe da equipe econômica esbanjou otimismo com a recuperação da economia e com a arrecadação de tributos, que “bate recorde mês a mês”. A nova projeção da pasta para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, foi revisada recentemente de 3,2% para 3,5%, e Guedes admitiu que “é provável que o PIB brasileiro cresça acima disso”.
“A economia brasileira está dando indicações de que pode crescer bem acima das nossas projeções deste ano, de 3,5%, porque as revisões acima de 4%, com mediana de 4,5%, e, algumas de 5%, apontam crescimento em todas as regiões e em todas as cidades”, avaliou ele, garantindo que o governo vai insistir em uma trajetória de responsabilidade com as contas públicas. Contudo, Guedes não citou o risco de apagão que o governo admitiu na semana passada e, muito menos, o desemprego recorde, de 14,7% da população que, segundo analistas, deve continuar elevado neste ano e prejudicar o processo de retomada.
“Sabemos que temos que manter o compromisso da responsabilidade fiscal e apenas os gastos relacionados com a pandemia estarão fora do teto de gastos”, disse. Ele voltou a prometer o lançamento de programas de preservação de emprego o Bônus de Inclusão Produtiva e o Bônus de Incentivo à Qualificação (BIQ). “Esperamos criar alguns empregos para os 38 milhões de brasileiros vulneráveis. Estamos tentando ver a ajuda com a vacina, de um lado, e a desoneração da folha, de outro”, afirmou.
O ministro enumerou as ações do governo no ano passado nos repasses de recursos para os cidadãos e para estados e municípios no combate aos efeitos econômicos da pandemia. Ele voltou a afirmar que essas medidas ajudaram a amenizar a queda do PIB de 2020, de 4,1%, que ficou abaixo das projeções iniciais do mercado e de organismos internacionais.
Guedes voltou a defender a vacinação em massa contra a covid-19 e, assim como Queiroga, garantiu que toda a população brasileira estará vacinada até o fim do ano e que o Brasil será exportador do imunizante contra o novo coronavírus. “A vacinação em massa é a principal política econômica que podemos fazer agora, além de ser a principal política de saúde pública”, disse. “O Brasil é um país que vacina habitualmente mais de 100 milhões (de pessoas) todo o ano e, agora, com mais razão ainda, teremos nossa produção própria de vacina e ainda aceleramos a importação”, acrescentou, citando que os acordos vigentes foram ampliados.