“Foi a Junta Orçamentária. O pedido veio da classe política, Eu estou na outra ponta”, afirmou o ministro, nesta sexta-feira (17/12), durante entrevista a jornalistas onde fez um balanço de 2021, corrigindo os números. “E são R$ 2 bilhões (para os policiais) e não R$ 2,8 bilhões e, em princípio, não era para aumento de salário, mas para uma reestruturação”, disse. Para ele, está ocorrendo uma “assassinato de reputação” da mídia em relação a ele. “Eu não pedi aumento para ninguém. É desonestidade intelectual”, reclamou.
O chefe da equipe econômica disse que alertou para os riscos inflacionários do reajuste neste momento de inflação elevada, a fim de evitar uma onda de aumentos salariais de outras categorias e em governos estaduais. Mas ele admitiu que o presidente quer privilegiar a categoria que sempre o apoiou e acabou sendo voto vencido e o pedido encaminhado ao Congresso para os recursos partiu da Casa Civil.
“Eu disse: vamos segurar o negócio porque a inflação vai descer no ano que vem e vai ser melhor para todo mundo”, contou. Além disso, aproveitou para criticar governadores que já estão prometendo reajustes com objetivos eleitoreiros, colocando o país em uma “espiral inflacionária do passado”. “Tem estado que está querendo entrar no Regime de Recuperação Fiscal e quer dar reajuste”, denunciou.
Segundo ele, o país acabou de experimentar uma experiência extraordinária durante a pandemia, quando o aumento de gastos para conter os efeitos da pandemia tiveram como contrapartida o congelamento de salários nos governos federal e regional, em uma espécie de pacto federativo. E, depois de o deficit primário do governo ter chegado a 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2020, neste ano deverá cair para 1% do PIB e, em 2022, para 0,4% do PIB, um “ajuste fiscal que não foi feito em nenhum país do mundo”. “Comprovamos que nenhuma crise fiscal dura um ano e meio. Se tivermos coragem de fazer direito em tempo de guerra e, agora, vamos jogar a experiência fora para voltar ao passado desastroso”, afirmou.
Ao fazer o balanço de 2021, Guedes afirmou que o governo “colocou o Brasil em pé”. “O Brasil se reergue e combatemos a doença”, disse. Ele voltou a afirmar que a economia voltou em V e o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer no ano que vem. Segundo o ministro, os pessimistas e oposicionistas vão “errar de novo” nas previsões, porque previam no auge da pandemia da covid-19 que o PIB ia cair 9%, no ano passado, e ele caiu 4%. “Cuidado pessimistas. Só estou recomendando um pouco de moderação. Só isso”, disse. Ele voltou a afirmar que são “fake news” as notícias e as avaliações de economista de que o governo está cometendo “populismo fiscal” com a PEC dos Precatórios, mas evitou comentar a derrubada do veto presidencial ao fundo eleitoral de quase R$ 6 bilhões.
Na avaliação do ministro, apesar da alta dos juros promovida pelo Banco Central para controlar a inflação, o crescimento em 2022 virá dos investimentos privados uma vez que, com as concessões na área de infraestrutura, há mais de R$ 800 bilhões de investimentos comprometidos para os próximos anos e, no ano que vem, o governo espera que mais R$ 400 bilhões em novos leilões. “Com isso, teremos R$ 1,2 trilhões de investimentos vamos conseguir fazer a taxa de investimento voltar a ficar acima de 20% do PIB”, disse.
Paulo Guedes ainda reclamou das criticas de que ele não está entregando nada em sua gestão. Reclamou dos projetos que ele enviou estão parados no Senado, como a reforma do Imposto de Renda, que poderia corrigir a tabela do Imposto de Renda e tributar dividendos, mas “como os parlamentares têm empresas, eles não querem. Outro projeto que ele reclamou que não andou é no Senado foi o da privatização dos Correios. “Na hora de privatizar, outros Poderes impedem”, disse.
Após falar por quase três horas como em uma palestra, com espaço apenas poucas perguntas, chegou a reclamar que ninguém perguntou sobre o fechamento do escritório do Fundo Monetário Internacional (FMI), O organismo internacional anunciou, ontem, o fechamento da representação no país.