Ainda inebriado pela pecha de superministro, Guedes acreditou que podia, ao mesmo tempo, exercer o papel de gastador, ao definir o valor das despesas do Renda Brasil, e cumprir o papel que lhe cabe como chefe da equipe econômica, o de dizer não. Totalmente perdido, teve que engolir em seco o pito que levou em público de Bolsonaro. Onyx, que levou um olé, assistiu de camarote.
Não é só. Dentro do Ministério da Economia, a visão é de que, ao centralizar a modelagem do programa que substituirá o Bolsa Família, Guedes esqueceu de envolver duas peças chaves na empreitada: o Tesouro Nacional, dono do cofre, e a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), que concentra todas as despesas e receitas.
Ministro apostou em Bruno Bianco
Guedes destinou a elaboração do Renda Brasil ao secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, que se tornou o queridinho do chefe depois de liderar os programas de socorro às empresas, como o que suspendeu contratos de trabalho e possibilitou o corte de salários e de jornada. O ministro o elogiou publicamente por esse trabalho.
Contudo, nem Guedes e nem Bianco conseguiram chegar a um modelo factível para o Renda Brasil, cujo benefício deve ficar entre R$ 250 e R$ 300. O esboço do programa apresentado ao presidente da República foi classificado, nos bastidores, como “horroroso e inviável”, por “tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”, como frisou Bolsonaro.
A perspectiva é de que a nova modelagem do Renda Brasil seja apresentada aos líderes partidários, na terça-feira (1º de setembro), em reunião com o presidente Bolsonaro. Guedes, agora enfraquecido, espera que o colega Onyx lhe dê uma força para convencer o chefe de que o substituto do Bolsa Família está no caminho certo. O ministro da Cidadania está rindo à toa.
Brasília, 17h01min