O ministro da Economia, Paulo Guedes, considera inadmissível “um governo liberal”, que tinha a privatização como um programa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), não conseguir vender, pelo menos, uma empresa, por conta dos outros Poderes.
“É inadmissível que não se consiga vender. Senão fica parecendo que é operação tartaruga, para descumprir a vontade popular”, disse o ministro, nesta sexta-feira (17/12) a jornalistas, durante uma entrevista coletiva que virou uma palestra. “O presidente se comprometeu com o programa de privatização. Na hora que vai privatizar, outros Poderes impedem”, reclamou.
Paulo Guedes voltou a prometer que pretende privatizar a Eletrobras e os Correios no ano que vem, a última cartada após a derrota de prometer arrecadar R$ 1 trilhão e ainda não ter conseguido vender uma única estatal de peso e só contabilizar vendas de subsidiárias e de participações de estatais em empresas privadas, que nem entraram no caixa da União.
“É perfeitamente natural que consigamos vender duas empresas que estão descapitalizadas e vão ser condenadas à irrelevância no tempo se continuarem (sendo estatais)”, disse o ministro aos jornalistas, durante o balanço do ano de 2021, onde garantiu que a economia brasileira vai crescer no ano que vem e que os pessimistas “vão errar novamente”.
Paulo Guedes reforçou o discurso de que a Eletrobras precisa investir R$ 15 bilhões “para manter a fatia de mercado”, mas só consegue investir R$ 3,5 bilhões. “Os Correios podem se tornar algo parecido com a DHL (gigante alemã de logística) quando foi privatizada. Mas ela (a estatal brasileira) precisa ser libertada das más administrações do passado”, afirmou.
O chefe da equipe econômica se queixou do atraso no avanço dos processos de privatização da Eletrobras, que está parado no Tribunal de Contas da União (TCU), mas segundo ele, “mais encaminhado” do que o projeto de lei dos Correios, que está travado no Senado Federal.
Cedraz identificou um total de R$ 16,2 bilhões de falhas no projeto de privatização da Eletrobras e adiou a apresentação do relatório na semana passada. Contudo, ontem, o TCU adiou novamente a decisão sobre o processo, após um pedido de vistas feito pelo ministro Vital do Rêgo, que apontou falta de informações sobre o impacto tarifário da privatização. “O TCU fez a nota e nossa equipe reviu os dados. Estamos otimistas. E falamos com o ministro Vital do Rêgo, que me tranquilizou”, disse.